Mal ficou sabendo que Raquel Dodge, Procuradora-Geral da República, encaminhara ao Supremo Tribunal Federal uma nova denúncia de corrupção contra Lula, Gleisi Hoffmann, presidente do PT, os ex-ministros Antonio Palocci e Paulo Bernardo, e o empresário Marcelo Odebrecht, o PT apressou-se em defendê-los antes mesmo de conhecer seu conteúdo.
A defendê-los, não. A defender Lula e Gleisi. Esqueceu Paulo Bernardo. Nada falou sobre Palocci e Odebrecht. Aproveitou para malhar Dodge, acusando-a de produzir uma denúncia sem provas, e de tentar sabotar os festejos de 1º de Maio marcados para dar hoje em Curitiba um pouco de alento a Lula.
Para o PT, Palocci não passava de um inocente até que, depois de preso, começou a delatar. Odebrecht, um poderoso e nacionalista empresário, interessado somente no bem do país. Paulo Bernardo não mereceu uma só crítica do PT mesmo quando se descobriu que ele embolsara parte do salário de trabalhadores endividados com empréstimos consignados.
Dodge já representou uma esperança de salvação para o PT e os demais partidos que apoiaram sua escolha para Procuradora-Geral da República. Afinal, fora indicada para o cargo por gente como Renan Calheiros, José Sarney e Michel Temer. Teve até a benção do ministro Gilmar Mendes. E era adversária de Rodrigo Janot, a quem sucedeu.
A julgar pelo que dizem todos os suspeitos, acusados e condenador por corrupção, mas não só, este país é um imenso Carandiru. Ali, como observou certa vez o médico Dráuzio Varela, não havia um único culpado. Todos eram inocentes, simplesmente inocentes, manifestamente inocentes, vítimas de perseguição e da cegueira da Justiça.