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O ‘cabra da peste’ e o mineiro sem sotaque (Por João Bosco Rabello)

O estilo autoritário de Lira o aproxima de Bolsonaro e contrasta com o de Pacheco

Por João Bosco Rabello
5 fev 2021, 11h00

As horas imediatamente seguintes às eleições dos novos presidentes do Legislativo deram o tom aos estilos e posturas distintas de um e outro. O primeiro ato de Arthur Lira, já sucessor de Rodrigo Maia, foi hostil ao expurgar a oposição da Mesa da Câmara, enquanto o adversário derrotado ainda enxugava as lágrimas.

Lira teve que recuar menos de 24 horas depois, mas o belicismo lhe valeu, muito cedo, o epíteto de “cabra da peste”, carimbado pelo Secretário de Governo da Presidência da República, general Luiz Eduardo Ramos, na ruidosa festa de comemoração da vitória, contra todos os protocolos recomendados para a pandemia do coronavírus.

O outro Rodrigo, no Senado, mineiro sem sotaque, prezava pela discrição e combinava para o dia seguinte, com o relator da reforma tributária na Câmara, Aguinaldo Ribeiro, adversário do governo Bolsonaro, a primeira reunião para tratar do tema. Sem festa ou pompa, deu mostras de que pretende liderar a pauta política a partir do novo posto.

Lira é veterano, Rodrigo Pacheco um novato de surpreendente currículo: deputado de um mandato apenas, presidiu a Comissão de Constituição e Justiça da Câmara e foi o algoz de Eduardo Cunha na Comissão de Ética. Da Câmara para o Senado, no primeiro mandato já é seu presidente, com clara noção de que também o é do Congresso Nacional.

Sua maior façanha é ser mineiro, apesar de nascido em Rondônia. Seus pais, mineiríssimos, foram para Rondônia a trabalho e Pacheco nasceu. Mas de volta a Minas, ali se criou, fez carreira política e ganhou dimensão nacional.

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O estilo autoritário de Lira o aproxima de Bolsonaro e contrasta com o de Pacheco, o que já é perceptível desde agora. Mais institucional, o novo presidente do Senado indica que cumpre os ritos, preserva a liturgia do cargo e acerta suas alianças prioritariamente dentro de casa. Seu contraponto na Câmara precisará perceber a distância entre os cargos que já exerceu e a presidência da Casa.

Rodrigo Maia foi um presidente que amadureceu no cargo com uma gestão decisiva para preservar a autonomia do Legislativo, em momento turbulento da vida nacional enfrentando um governo que prega a ruptura dia sim, dia não. Sua direção ofuscou seu par do Senado, Davi Alcolumbre, também do DEM. Mas perdeu o timing ao permitir a judicialização de sua candidatura à reeleição.

Tem-se por certo que o Supremo Tribunal Federal aprovaria a reeleição de Alcolumbre se dissociada da de Maia, que foi o mais longevo presidente da Câmara de forma ininterrupta desde a redemocratização: quatro anos, seis meses e 19 dias de mandato. Esse longo período de poder, por si só, deveria ser entendido como um fator negativo para a continuidade.

Alcolumbre teve apenas um mandato e poderia sustentar-se em precedente que permitiu a reeleição de Antônio Carlos Magalhães em circunstância idêntica.

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Faltou a Maia a antecipação, com o anúncio de que não concorreria e a preparação de um sucessor. Forçou a passagem, consolidou a ideia de responsável indireto pelo impedimento de Alcolumbre, esqueceu a crise de abstinência dos fisiológicos e acabou levando o DEM, por esses e outros motivos, a olhar para outro Rodrigo.

Esse e outros elementos autorizam a conclusão de que o placar dilatado da vitória de Lira não é parâmetro para dimensionar o tamanho real da primeira base parlamentar do governo Bolsonaro e, por extensão, respaldar a arrogância inicial do novo presidente da Câmara. Há muitos votos ali que não se repetirão em matérias legislativas.

Rodrigo Pacheco já é uma nova aposta do DEM. As lideranças do partido estão entusiasmadas com sua desenvoltura e capacidade de negociação. Tudo ainda a ver, pois sua eleição é um novo ponto de partida no atual estágio da política nacional, em que o governo abandona o discurso de ruptura para jogar no campo do parlamento.

João Bosco Rabello escreve no https://capitalpolitico.com/

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