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Por Coluna
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Nietzsche: fragmento do espólio

Psicanálise da Vida Cotidiana

Por Carlos de Almeida Vieira
Atualizado em 28 mar 2018, 14h00 - Publicado em 28 mar 2018, 14h00

Fragmento do Espólio, junho de 1882 a inverno de 1883/1884 de Nietzsche, Editora UnB é um texto inédito em português, publicado pela Editora Universidade de Brasília; seleção, tradução e prefácio de Flávio R. Kothe.

Fragmento 7 (57): “O ser humano gostaria de ter algo como suprema finalidade, última finalidade, obrigação absoluta, dever absoluto: aspirar a isso é a causa das muitas morais. Mas qual é a causa primeva desse aspiração? Ora, muita coisa, p. ex. todo instinto individual do ser humano tem a aspiração, ao se apossar do intelecto, de valer como senhor último e impositor de finalidades para todas as coisas humanas. Nas várias morais, os mais diversos instintos erigiram os seus monumentos”.

O texto do filósofo nos leva a pensar nos dias de hoje. Sugere, inevitavelmente, uma fantasia infantil de onisciência, onipotência e onipresença. A sociedade pós-moderna (?), inclua-se aqui o nosso Brasil, a cada dia é solapada por grupos humanos extremistas, a pregar a “verdade última”, um falso saber que tem profundas consequências na arte de governar. Às vezes lembra o fanatismo ideológico alemão da “raça pura” e a falta completa de uma mentalidade humanista onde os direitos humanos são desprezados em função do poder, do controle do Estado e da iniciativa privada.

Na minha leitura, quando Nietzsche escreveu que “Deus está morto”, apreendi isso como uma metáfora e não como um desrespeito. É preciso que Deus esteja morto para que nós humanos não tenhamos o compromisso de sermos a sua imagem e semelhança!

Deixem-nos ser humanos! Parece, ou melhor, estamos vivendo aos quatro cantos do mundo, líderes governantes se encaminhando por veredas autoritárias, tanto de esquerda como de direita, num retrocesso que ofende, destrói e mata qualquer possibilidade de manutenção do regime democrático.

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A ordem tecnológica e ideológica é a ordem de uma educação baseada no Ter, no apropriar-se, na exploração, e não na preocupação do Ser, no sentido de uma educação humanística.

Sintomatologicamente falando, não é por acaso que nas livrarias hoje retornam as edições e reedições dos textos existencialista-fenomenológicos. É preciso voltar a ler, por exemplo, A Náusea de J.P. Sartre ou Esperança do Mundo de Albert Camus. Além disso, é necessário uma releitura da Montanha Mágica de Thomas Mann, onde o resgate do humanismo encontra um belo casamento com o idealismo, sem necessidade de apelar para atitudes arrogantes e sectárias.

Carlos de Almeida Vieira é alagoano, residente em Brasília desde 1972. Médico, psicanalista, escritor, clarinetista amador, membro da Sociedade de Psicanálise de Brasília, Sociedade Brasileira de Psicanálise de São Paulo e da International Psychoanalytical Association 

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