Digital Completo: Assine a partir de R$ 9,90
Imagem Blog

Noblat

Por Coluna Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO
O primeiro blog brasileiro com notícias e comentários diários sobre o que acontece na política. No ar desde 2004. Por Ricardo Noblat. Este conteúdo é exclusivo para assinantes.

Mourão está virando Temer (por Helena Chagas)

Processo de metamorfose

Por Helena Chagas
21 jan 2021, 11h00

Nos códigos não escritos do poder, uma das recomendações a quem deseja saber se um presidente da República passou a ter chances de ser ejetado do cargo é observar o seu vice. O comportamento do inquilino do Palácio do Jaburu é um importante termômetro da conjuntura. Em dezembro de 2015, por exemplo, a carta “mi-mi-mi” de Michel Temer a Dilma Rousseff, em que se queixava de ser um vice decorativo e sem protagonismo no Planalto, não deixou margem a dúvidas de que ele, a partir de então, trabalharia incessantemente para derrubá-la – o que acabou acontecendo.

Nesses dois anos, o general Hamilton Mourão vinha alternando períodos de loquacidade e de silêncio, esses últimos quase sempre motivados por admoestações de Jair Bolsonaro. Mostrava-se um vice relativamente obediente, recuando quando necessário e fingindo não ouvir descomposturas públicas do presidente. Nos últimos tempos, engoliu até o recado de que Bolsonaro não quer mais tê-lo como vice na reeleição e andou mais calado. Até alguns dias atrás.

O agravamento da crise da Covid-19 e o desgaste crescente de Bolsonaro vêm mostrando um Mourão mais revigorado – embora ele tenha tido a doença. Mas anda esbanjando saúde, entrevistas e declarações diárias na porta do anexo do Planalto onde fica seu gabinete. Pautado pelos jornalistas, fala sobre o assunto do dia, quase sempre emitindo opiniões equilibradas. Apresenta-se como o sujeito normal, conciliador, com posições sensatas. Nas entrelinhas: estou aqui à disposição, e não sou maluco – ao contrário de vocês sabem quem.

Diferentemente de Bolsonaro, por exemplo, disse que a vacina é importante e que irá se vacinar, sim, obedecendo a fila de prioridades.  Sempre de máscara, costuma minimizar declarações infelizes de Bolsonaro, na missão impossível de tentar explicá-las em termos razoáveis, como aquela de que a democracia de um país depende de suas Forças Armadas. Prontificou-se a entrar em contato com autoridades chinesas com quem costuma conversar para ajudar na liberação dos insumos para a vacina que Pequim reluta em mandar ao Brasil. Esperou ser chamado, mas não foi ouvido nem cheirado nesse assunto, como em muitos outros.

Talvez por isso, Mourão tenha dado a entrevista publicada nesta quarta-feira, no Valor, admitindo o que todo mundo sabe: o governo cometeu erros “sobejamente conhecidos” na gestão da crise sanitária. Afastou-se deles e ainda criticou a politização da vacina “tanto do nosso lado quanto do lado do governo de São Paulo”. Fez questão de lembrar que, há três meses, já dizia que o governo iria comprar a Coronavac – enquanto Bolsonaro proibia Eduardo Pazuello de adquiri-la.

Continua após a publicidade

Quase num compromisso com os valores democráticos, disse, em tese, que um presidente que coloque em risco a democracia e a integridade nacional “tem que ser parado pelo sistema de freios existente”, ainda que, no caso de Bolsonaro, tenha ressalvado que é preciso olhar mais para suas ações do que para sua retórica.

Como fazem todos os vices nessas ocasiões, e como fez o vice de Dilma no dia da carta e muitas outras vezes, Hamilton Mourão preferiu se dizer contra o impeachment. Acredite quem quiser. O general está, a olhos vistos, em pleno processo de metamorfose para virar Michel Temer. Deve ser a água do Jaburu.

 

Helena Chagas é jornalista 

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Domine o fato. Confie na fonte.

10 grandes marcas em uma única assinatura digital

Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*
Apenas 9,90/mês*
OFERTA RELÂMPAGO

Revista em Casa + Digital Completo

Receba 4 revistas de Veja no mês, além de todos os benefícios do plano Digital Completo (cada revista sai a partir de R$ 7,48)
A partir de 29,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$118,80, equivalente a R$ 9,90/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.