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Militares e o risco da politização (por João Bosco Rabello)

Até que ponto o Exército já é visto como parte do governo Bolsonaro

Por João Bosco Rabello
Atualizado em 30 jul 2020, 19h07 - Publicado em 6 mar 2020, 12h00

A manifestação do general Santos Cruz não é solitária no âmbito militar ao contestar a desenvoltura política do ministro do Gabinete de Segurança Institucional, general Augusto Heleno. Ela reflete uma preocupação permanente das Forças Armadas com a simbiose crescente entre governo e caserna.

O temor da contaminação política já frequentou a inteligência das Forças Armadas em outras ocasiões, como na intervenção federal no Rio de Janeiro, comandada pelo general Braga Neto que a assumiu por estrita obediência hierárquica, ou seja, levou ao limite sua resistência à missão.

É o mesmo Braga Neto que agora, ainda na ativa, troca o comando do Estado Maior do Exército pela Casa Civil, completando as mudanças que militarizaram o núcleo duro do governo – aquele com domicílio no Palácio do Planalto e de aconselhamento direto do presidente da República.

Se já havia chamado a atenção escolha do general Luís Eduardo Ramos para a Secretaria de Governo, pela sua condição de militar da ativa, a transferência de Braga Neto, na mesma condição, para a Casa Civil, foi ainda mais surpreendente.

Ramos substituiu Santos Cruz, militar da reserva e Braga Neto ao deputado Onix Lorenzoni, deslocado para o ministério da Cidadania. Ambos generais de quatro estrelas, pertencentes ao Alto Comando. Braga, o segundo na hierarquia. Há ainda mais dois quatro estrelas, o general Bento Albuquerque, no Ministério das Minas e Energia, e o almirante Flávio Rocha (SAE), este recentemente promovido a quatro estrelas.

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Para as Forças Armadas, um dos códigos que a distingue como instância de Estado – e não de governo – é a limitação a militares da ativa para funções de governo. O exercício dessas funções pelos da reserva não compromete a instituição militar com o governo de turno. Quando o general Augusto Heleno fez sua declaração política, o Planalto já abrigava todos esses militares graduados e da ativa, o que permite a leitura de que sua fala, endossada pelo presidente Bolsonaro – Comandante em Chefe das Forças Armadas –, é ponto pacífico na instituição militar.

Cruz cumpre, portanto, o papel de mostrar que, no mínimo, os militares estão divididos quanto ao papel que exercem hoje – se de Estado, se de governo, ou se este último já não incomoda mais. O que parece não ser o caso.

A questão é sensível. Atrelados ao governo, são beneficiários ou vítimas do seu êxito ou do seu fracasso. Como instituição de Estado, atravessam governos sem comprometer a imagem positiva que detêm na sociedade, como ocorre desde o início da redemocratização do país.

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A essa altura, a questão é conferir até que ponto a instituição militar já é vista como parte do governo Bolsonaro, para o qual foi atraída pela vontade alimentada, por décadas, de reescrever o enredo de 1964. Para os militares, a versão que prevaleceu sempre foi a da esquerda, portanto injusta.

Ao fracassar depois de quase duas décadas no poder, a esquerda representada no PT, abriu a oportunidade esperada para a empreitada de construir o contraponto à versão vitoriosa. Antes, agravaram o desejo contido por uma narrativa nova ao contestarem a anistia pactuada ao fim do regime militar.

Bolsonaro foi um atalho para os militares que desejavam participar do poder pela via democrática e já tinham logrado a eleição de vários de seus pares desde assembleias legislativas até o legislativo federal.

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A adesão à campanha se deu quando a candidatura antes desacreditada deu sinais de vitalidade e de concretas chances de vencer. Ainda assim, já naquela ocasião, o risco de politização dividia as Forças Armadas quanto à conveniência de juntar-se ao capitão reformado.

João Bosco Rabello é jornalista e editor-chefe do site Capital Político – https://capitalpolitico.com/

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