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Mercadores de bondade

Como se alimentam de votos, preferem iludir os eleitores a enfrentar a realidade tal qual ela é.

Por Hubert Alquéres
Atualizado em 22 ago 2018, 14h00 - Publicado em 22 ago 2018, 14h00

É como se fosse reprise de um filme. Em toda eleição os candidatos prometem mundos e fundos, esquivando-se de assumir compromissos com medidas antipáticas, ainda que necessárias e muitas vezes obrigatórias. Como se alimentam de votos, preferem iludir os eleitores a enfrentar a realidade tal qual ela é. Quem não se lembra da campanha de 2014, quando Dilma Rousseff vendia a imagem de um país paradisíaco inexistente, para depois de eleita gerar a maior recessão de nossa história?

Não está sendo diferente na disputa presidencial deste ano. Seja quem for o futuro presidente, terá de adotar medidas duras, sob pena de o país cair na insolvência. Economistas conceituados estimam a necessidade de um ajuste fiscal da ordem de 5% do PIB. Do contrário, a dívida pública degringolará de vez. Mas o que dizem os presidenciáveis sobre isto?

Da mesma forma, o sistema previdenciário pode gerar uma crise de proporções maiores do que a da Grécia. Atualmente já consome cerca de 12% do PIB. Poderá faltar dinheiro para pagar aposentadorias e pensões dentro de poucos anos se as mudanças na Previdência forem postergadas. As reformas, atualmente congeladas, serão mais urgentes face às nuvens negras que se anunciam no cenário internacional com a crise da Turquia.

Em vez de dizerem como pretendem cortar na carne, alguns presidenciáveis douram a pílula, pondo em dúvida até mesmo o caráter deficitário da Previdência. Isto quando não vão na linha do expansionismo fiscal e propõem retrocessos no que duramente foi conquistado, como a revisão do teto dos gastos públicos e da reforma trabalhista.

É mais fácil vender terreno na lua, como faz Ciro Gomes com sua promessa de zerar a inadimplência de 60 milhões de pessoas do que apresentar propostas consistentes e tecnicamente viáveis.

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Como mágicos de circo, sacam soluções miraculosas sem lastro algum. Nisso Ciro tem sido imbatível. Fala em uma Previdência pelo sistema de capitalização sem definir como será o financiamento do longo processo de transição, ou seja, de onde sairão os recursos para pagar as atuais aposentadorias.

Na teoria todos os presidenciáveis se dizem comprometidos com a retomada dos investimentos, mas Ciro, Guilherme Boulos e a candidatura do PT defendem em seus programas medidas que geram insegurança jurídica e afugentam os investidores. Qual o investidor externo vai participar de algum leilão na área do pré-sal, por exemplo, sabendo que os lotes adquiridos poderão ser desapropriados mais à frente?

A estratégia de não desagradar os eleitores e de fazer concessões às corporações religiosas leva os candidatos a contornar uma seríssima questão de saúde pública, a descriminalização do aborto. Políticas públicas, como as relativas às drogas, deixam de ser abordadas, por medo de perder votos.

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Como mercadores de bondade, os candidatos conseguem ludibriar os eleitores. Mas a ressaca do pós-eleição tem um alto custo para o Brasil, aprofunda crises, gera frustrações. O day after é sempre terrível.

 

Hubert Alquéres é professor e membro do Conselho Estadual de Educação (SP). Lecionou na Escola Politécnica da USP e no Colégio Bandeirantes e foi secretário-adjunto de Educação do Governo do Estado de São Paulo

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