“É simples, doutor”, me ensinou o motorista do UBER, eleitor de Lula e, mais que isso, seu admirador. “Lula foi um bom presidente. Eu mesmo devo a ele as condições que me permitiram comprar este carro”, aduziu.
Para em seguida arrematar como se desferisse uma série de socos potentes, rápidos e certeiros: “Mas ele roubou, não foi? Quem rouba é ladrão. E lugar de ladrão é na cadeia”. Calou-se pelo resto da viagem.
Sim, é simples. Muito simples. O resto é invenção de gente palavrosa que professa ideologia e gosta de ter razão. Lula não foi o melhor presidente que este país já teve. Mas não se saiu mal.
Foi um prestidigitador. Mas foi também o governante que incluiu os mais pobres na agenda dos problemas nacionais. Fez menos por eles do que pareceu. Nem por isso os próximos presidentes poderão ignorá-los.
Corrompeu-se para ficar rico. Corrompeu para governar. Imaginou-se imune a qualquer suspeita. Acreditou no que diziam dele. Apostou na sua impressionante capacidade de sobreviver. Ao acordar, já era tarde.
Difícil que a essa altura da vida, mesmo recolhido a uma cela de 15 metros quadrados onde nada terá a fazer a não ser pensar, venha a revelar-se capaz de um dia sair de lá muito diferente do que entrou.
Em defesa de sua própria sanidade mental, o provável é que saia com a mesma crença na persona que criou para si. Não terá outra razão para viver que não seja essa. Triste fim.