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Lobos e cordeiros

No Supremo da Floresta

Por José Paulo Cavalcanti Filho
Atualizado em 30 jul 2020, 19h18 - Publicado em 22 nov 2019, 11h00

Jean de La Fontaine (1621/1695) estudou teologia, serviu ao grande Fouquet, mas acabou famoso mesmo foi ao publicar Fábulas Escolhidas. Membro da Academia Francesa, está sepultado ao lado de Molière no Père-Lachaise. Uma de suas mais conhecidas fábulas, O Lobo e o Cordeiro, conta história de cordeiro que bebia num riacho. O lobo, faminto, reclama: “Como é que tem coragem de sujar a água que eu bebo?” O cordeiro explicou ser impossível, “por beber uns 20 passos mais abaixo”. O lobo diz “Você andou falando mal de mim no ano passado”. E o cordeiro, “No ano passado eu ainda não havia nascido”. “Se não foi você foi seu irmão”. “Mas sou filho único”. Não adiantou. E acabou sendo almoço do lobo. Só que o mundo gira. E fosse contada hoje, aqui no Brasil, a fábula teria que ser alterada.

Nessa versão atual, adaptada para os novos tempos, o lobo não iria usar argumentos tão singelos como os de La Fontaine. Tudo seria mais sofisticado. Para começar, providenciaria gravações ilegais com acusações comprometedoras. De que o cordeiro pretendia privatizar o rio. De que iria censurar a imprensa. De que preparava um golpe. Por aí. O cordeiro, desconfiado, pede que mostre as gravações. O lobo informa que o Sigilo da Fonte lhe dá o direito de não mostrar nada. O cordeiro diz que gravações ilegais não valem como prova. E o lobo apenas exibe recortes de jornais, após o que declara “Se saiu nos jornais é verdade”.

No Supremo da Floresta, Ministros condenaram o pobre cordeiro. Dizem até que eram lobos disfarçados. Sendo ou não, inatingíveis e felizes, aproveitaram para soltar um monte de lobos presos. Pelos mais variados crimes. De corrupção a cordeiricídio. Fosse pouco e o Lobo Maior (assim era conhecido, por lá, seu presidente) requisitou 600 mil fichas dos moradores da região. Mas, suspeita-se, queria ver só as dos cordeiros. Para condenar outros. O maior número possível. A moral dessa história, segundo La Fontaine, é que “A razão do mais forte é sempre a melhor”. Continua valendo, ainda hoje. Mas, nos dias que correm, há uma moral secundária. A da verdade pós-moderna. Segundo a qual mais importante que ter razão é dizer que tem razão. Em declarações a jornais, televisões, comícios e caravanas. E esta moral poderia ser: “Faça barulho, o mais possível, que nas eleições muita gente vai acabar acreditando”.

José Paulo Cavalcanti Filho

jp@jpc.com.br 

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