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Já tem candidato para deputado?

Não é novidade o menosprezo pelas eleições proporcionais.

Por Mary Zaidan
Atualizado em 30 jul 2020, 20h20 - Publicado em 16 set 2018, 10h00

Na mais imprevisível eleição pós-democratização, na qual o vale tudo testou todos os limites – candidato condenado e preso desafiando a Justiça, topando ser substituído a contragosto no minuto final, e outro esfaqueado em plena campanha -, há algo que não surpreende: o pouco caso frente à escolha de deputados, associada agora à pregação de não se reeleger ninguém ou de anular o voto.

Não é novidade o menosprezo pelas eleições proporcionais. Elas dificilmente frequentam os debates, quase nunca são medidas em pesquisas. Não raro, deputados são números decorados ou rabiscados em colas pelos eleitores pouco antes de chegar às urnas. Mais difícil ainda é encontrar um eleitor que saiba o nome de quem mereceu o seu voto poucos meses depois do sufrágio.

A perversidade dessa desimportância está no fato de que não há democracia sem Parlamento. Mais: embora todo poderoso, presidente da República algum consegue administrar sem maioria na Câmara e no Senado. Não é demais dizer que a qualidade de um governo depende diretamente do perfil do Congresso, ainda que muitos de seus integrantes se rendam com facilidade às ofertas nada republicanas feitas em nome da governança.

Curiosamente, esses cambalachos acabaram por demonizar mais os deputados do que os chefes do Executivo responsáveis pelas propostas indecorosas.

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Embora muitos, propositalmente, misturem todos no mesmo saco, a maior parte da bandidagem apurada pela Lava-Jato situa-se nos tempos de Lula e Dilma Rousseff e nos governos estaduais da época, tendo Sérgio Cabral como ícone. E, ainda que alguns sejam réus e acusados por mais de um crime (55 dos 513 deputados são suspeitos ou investigados por corrupção), 70% dos parlamentares federais não respondem a qualquer processo. Podem até ter vários defeitos, e têm, mas não há indicativos de que roubem. São, portanto, vítimas da generalização.

Sumidos entre o pipocar quase cotidiano de pesquisas eleitorais para a Presidência da República e para os governos estaduais, os 8,4 mil postulantes a deputado federal são candidatos de segunda categoria; os 17,8 mil que disputam as assembleias estaduais, de terceira. No horário obrigatório de rádio e TV, praticamente se resumem a um nome e um número, com, no máximo, uma frase de efeito para enfeitar a aparição.

As regras parecem injustas. E são. Foram feitas para manter benesses dos parlamentares, incluindo as dos que dizem repudiar privilégios. Postura que aumenta a confusão, corroborando para o eleitor enfiar tudo e todos no mesmo balaio maldito. Normas criadas para afastar o eleitor e perpetuar currais de votação. Para impedir caras novas e minar as chances de políticos sérios, que, mesmo trabalhando com afinco, se deixam misturar ao joio.

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Assim sendo, como enxergar o trigo? Como repor a necessária dignidade a um Poder tão maltratado por boa parte das excelências que o ocupa?

Não são poucas as dissonâncias, impropriedades e mazelas das casas legislativas. É urgente mudá-las, exigir e cobrar muito mais do que o quase nada que elas têm ofertado. Mas como não há democracia sem elas, de nada adianta campanhas por nulidade do voto ou contra qualquer um que tenta se reeleger. A renovação é sempre bem-vinda, revigora e energiza a política. Mas o novo pelo novo não é aval de qualidade e seriedade.

Principal instrumento da democracia, o voto – um direito que não deveria ser obrigação – vai além da urna. Eleger alguém não coloca um ponto final. Ao contrário, inicia-se um ciclo. Ao eleitor cabe definir se de negação ou vitalidade.

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Mary Zaidan é jornalista. E-mail: zaidanmary@gmail.com Twitter: @maryzaidan

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