A pesquisa Ibope divulgada ontem não foi encomendada por ninguém. Foi feita por conta e risco do Ibope, certamente interessado em avaliar o impacto do atentado de Juiz de Fora na evolução das intenções de voto. É meritório que tenha sido assim, afinal pesquisa custa caro.
Ao Ibope não importa que os resultados da pesquisa tenham reanimado os bolsonaristas, antes abatidos com a pesquisa Datafolha que deixara seu ídolo em maus lençóis. Instituto sério como são os dois deve se preocupar apenas em fazer bem o seu trabalho, e ponto.
Uma pesquisa não está certa e a outra errada. O Ibope foi à campo no sábado dia 8, domingo dia 9 e segunda-feira dia 10 quando Bolsonaro estava no auge de sua exposição depois do atentado do dia 6. O Datafolha foi a campo somente na segunda-feira dia 10. Nesse mesmo dia tabulou e divulgou os resultados.
Os dois institutos entrevistaram cerca de 2 mil eleitores – o Datafolha em um único dia, o Ibope em três dias. Uma cláusula pétrea no mundo das pesquisas de opinião pública diz que só se pode comparar resultados de pesquisas feitas por um mesmo instituto, porque os métodos podem ser diferentes.
São parecidos, mas não são iguais, os métodos de aplicação de pesquisas do Ibope e do Datafolha. E são radicalmente diferentes dos métodos de pesquisas de institutos que preferem ouvir os entrevistados por telefone. O Ibope os entrevista em suas casas. O Datafolha, nas ruas (ou é o contrário?).
No essencial, as pesquisas Ibope e Datafolha coincidem. Bolsonaro lidera, apesar da resistência das mulheres ao seu nome; Ciro Gomes, Marina Silva e Geraldo Alckmin estão embolados na disputa pelo segundo lugar; e Fernando Haddad começa a crescer à base de votos transplantados de Lula.
Nesta sexta-feira, o Datafolha dará à luz uma nova pesquisa contratada pela Folha de S. Paulo e a TV Globo. Emoção na veia para quem gosta de eleição.