Black Friday: Revista em casa a partir de 8,90/semana
Imagem Blog

Noblat

Por Coluna Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO
O primeiro blog brasileiro com notícias e comentários diários sobre o que acontece na política. No ar desde 2004. Por Ricardo Noblat. Este conteúdo é exclusivo para assinantes.
Continua após publicidade

Grandezas do Brasil

Precisa-se de pessoas de moral

Por José Paulo Cavalcanti Filho
Atualizado em 30 jul 2020, 19h36 - Publicado em 5 jul 2019, 12h00

O cristão novo Ambrósio Fernandes Brandão, proprietário de terras em São Lourenço de Mata, é autor de Diálogos das Grandezas do Brasil (1618). Para José Honório Rodrigues (História da História do Brasil), “a descrição mais viva… dos moradores do Brasil, gentios, reinóis, mazombos e negros”. Os diálogos se dão entre dois amigos. Um, Alviano, quase “um herege das coisas do Brasil”. O outro, Brandônio, pregoeiro português que veio dar nessas terras.

Diz Alviano: “Vejo que, posto que tudo lhe sobeja pela fertilidade do seu terreno, vem a padecer muitas faltas, das quais me alembra haverdes atribuído a culpa à negligência comum e pouca indústria dos seus povoadores. Comparo isso ao dos bugios [indivíduos que imitam os outros] que me contastes, que metiam a mão pela boca da botija vazia e depois não podiam tirar, e por não saberem largar o que apanharam, se deixavam cativar”. Brandônio responde: “Este gentio [pagãos] não tem rei a que obedeça, somente elegem alguns principais, aos quais reconhecem alguma superioridade. Já vos disse que não careciam de bons entendimentos, posto que estão tão cegos com estes feiticeiros (que o não são nem nada), que se não acabam de desenganar de sua falsidade e mentira”.

Passados 400 anos e esse estigma continua colado em nossa pele. E não se trata, mais, só de pequenos furtos. De por “a mão na botija”. Há também os que ficam “cegos com estes feiticeiros”. Palavras de Ambrósio. O Mensalão e a Lava Jato, com seus feiticeiros, são amostra, hoje, de promiscuidade bem mais sofisticada. Entre uma elite política carcomida e envelhecida, em conluio com grandes corporações econômicas. Até quando?

Lembro Pessoa de Moraes, autor de livros como Sociologia da Revolução Brasileira (1965) e Tradição, Transformação no Brasil(1968). Era sociólogo e professor da UFPE. Grande figura. Talvez apenas um pouco excêntrico demais, é justo dizer. Dando-se que, ao encerrar programa que tinha na TVU, dirigiu-se para a câmara, dedo em riste, e sentenciou com voz embargada: “O Brasil precisa de Pessoa de Moraes”. Dia seguinte, não resisti e lhe passei telegrama (naquele tempo não havia internet): “Escusas, amigo, mas o Brasil precisa mesmo é de pessoas de moral”. Saudades de um novo tempo em que, aproveitando título de Manifesto de outro Pessoa, o Fernando, as pessoas se acostumem a se indignar Por Causa da Moral.

José Paulo Cavalcanti Filho. jp@jpc.com.br 

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Semana Black Friday

A melhor notícia da Black Friday

BLACK
FRIDAY

MELHOR
OFERTA

Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

Apenas 5,99/mês*

ou
BLACK
FRIDAY
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba 4 Revistas no mês e tenha toda semana uma nova edição na sua casa (a partir de R$ 8,90 por revista)

a partir de 35,60/mês

ou

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$71,88, equivalente a 5,99/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.