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Por Coluna
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Facções políticas em guerra aberta pelo poder no Rio

Um ex-capitão contra um ex-fuzileiro naval

Por Ricardo Noblat
Atualizado em 30 jul 2020, 18h54 - Publicado em 27 Maio 2020, 08h00

Se um delegado da Polícia Federal, como contou o empresário Paulo Marinho, vazou para o senador Flávio Bolsonaro em outubro de 2018 que ele seria alvo de uma operação que poderia prejudicar a eleição do seu pai, por que duvidar que possam ter vazado informações sobre a operação da Polícia Federal que teve como alvos o governador Wilson Witzel, do Rio, e sua mulher?

A operação veio em boa hora para o presidente Jair Bolsonaro. A vida dele não está fácil. Responde a inquérito por tentativa de intervenção na Polícia Federal. Seu celular pode ser apreendido. Investigações no âmbito do Supremo Tribunal Federal levantam suspeitas sobre atos dos seus filhos. E a escolha que fez de recursar-se a combater o Covid-19 lhe cobrará um preço alto e justo.

Mas, por ora, isso está longe de significar que a operação que alcançou o casal Witzel tenha sido encomendada para amenizar a coça que os Bolsonaro estão tomando. Tampouco os comentários feitos de véspera por bolsonaristas sobre a possibilidade de o casal ter-se envolvido em bandalheiras, significam necessariamente que eles souberam da operação com antecedência.

Compilem-se as notas publicadas desde janeiro em jornais importantes a propósito de futuras operações da Lava Jato. A mais recente edição da VEJA, em circulação desde a última sexta-feira, foi fundo na revelação da tempestade que se abateria sobre os Witzels. Era pedra mais do que cantada. Nos corredores do poder, em Brasília, murmurava-se a respeito há semanas.

Como polícia judiciária, a Polícia Federal só age se autorizada. E foi pelo ministro Benedito Gonçalves, do Superior Tribunal de Justiça, em despacho considerado bem fundamentado por ministros de tribunais superiores e advogados respeitados. As investigações corriam desde a época de Sérgio Moro como ministro e de Maurício Aleixo como delegado-geral da Polícia Federal.

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O Rio assistirá daqui para frente à guerra entre duas facções políticas: a comandada por Bolsonaro e a comandada por Witzel. A facção de um ex-capitão contra a de um ex-fuzileiro naval. As duas se juntaram em 2018 para ganhar as eleições. Começaram a se separar quando Witzel, ao sobrevoar certa vez o Rio na companhia de Bolsonaro, avisou-o que seria candidato à sua sucessão.

Cada facção tem seu braço armado – agentes das várias polícias, milicianos com ou sem conexão com o tráfico de drogas, e os dois maiores grupos do chamado crime organizado, o Comando Vermelho e o Primeiro Comando da Capital. O caso da rachadinha no gabinete de Flávio e o da execução de Marielle Franco serão usados à farta para tornar a guerra ainda mais sangrenta.

Witzel poderá ser um adversário mais perigoso para Bolsonaro do que Bolsonaro para ele. É provável que a Assembleia Legislativa aprove a abertura de um processo de impeachment para cassar seu mandato. Mesmo que escape, dificilmente Witzel se reelegerá. Seu projeto de suceder Bolsonaro foi para o lixo. Uma pessoa acuada mata com a esperança de não morrer.

A guerra que mal começa já produziu uma vítima – a Polícia Federal. Sua isenção está em dúvida. E a dúvida só se agravará quando o Procurador-Geral da República concluir que Bolsonaro, ao contrário do que disse Moro, jamais tentou controlá-la. Tempos estranhos, estes, onde o excesso de provas serve para absolver, não para denunciar e condenar.

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