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Em cena, o Partido do Três Oitão

Enfim, a nossa jabuticaba

Por Ricardo Noblat
Atualizado em 30 jul 2020, 19h18 - Publicado em 22 nov 2019, 07h00

O nome oficial é Aliança pelo Brasil. Mas pode chamá-lo de Partido da Família Bolsonaro. Ou Partido do Três Oitão. Na hora de votar, se preferir, crave 38. “Acho que é um bom número, né?” – perguntou o presidente Jair Bolsonaro no ato de lançamento da nova legenda. E justificou: “Mais fácil de gravar”.

De fato, mais fácil. E coerente com o programa do partido que fala no “direito inalienável dos brasileiros de possuir e portar armas de fogo”. O programa chama aborto de “assassinato de criança”. E condena o “ativismo judiciário – bandidos que estejam no poder munidos de armas ou de canetas”.

Nada a ver com caneta azul, azul caneta com a qual Bolsonaro assina seus despachos. Ontem mesmo, ele assinou mais um que, se aprovado pelo Congresso, facilitará a vida de militares e policiais destacados para restabelecer a ordem pública. Estarão liberados para “atirar na cabecinha” de bandidos.

Se o nome Partido do Três Oitão inspira medo em almas sensíveis, o outro é mais acolhedor e faz sentido. O presidente do Partido da Família Bolsonaro será Jair, o pai. O vice, Flávio, seu primogênito. A Comissão provisória será formada por dois assessores de Bolsonaro, um de Eduardo e dois advogados da família.

Jair Renan, o Zero Quatro, e o único dos filhos de Bolsonaro sem mandato, apareceu ao lado do pai no ato de lançamento e ainda poderá ganhar uma vaga na comissão provisória do novo partido. O desafio da comissão é conseguir em tempo recorde cerca de 500 mil assinaturas de eleitores em pelo menos nove Estados.

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Do contrário, o partido não participará das eleições do próximo ano. Caberá à Justiça Eleitoral decidir se as assinaturas poderão ser digitais ou se terão de ser físicas como foram para a criação dos demais partidos. As físicas demandam tempo. É mais lento o processo de conferir uma por uma para evitar repetição.

Até se eleger presidente, Bolsonaro combateu o voto digital. Dizia que ele não era confiável. Bateu-se pelo retorno do voto impresso, segundo ele, menos sujeito à fraude. Bolsonaro e seus filhos mudaram. Querem que as assinaturas de apoio ao partido da família possam ser digitais. O argumento deles não é mal.

“Já temos o cadastramento biométrico de 75% dos eleitores brasileiros”, observa Flávio, o senador. “A assinatura física já não tem cabimento”. A manada de seguidores dos Bolsonaro está nos cascos para reunir as assinaturas. Se a Justiça autorizar será vap vupt. Afinal, tempos modernos!

Tempos estranhos também. No país campeão continental em número de partidos, jamais houve um tão escandalosamente a serviço de uma única família. Alvíssaras! Nasce uma jabuticaba de fato brasileira, coisa nossa e de mais ninguém.

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