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Que país é esse...

Por Ricardo Noblat
Atualizado em 30 jul 2020, 19h32 - Publicado em 28 jul 2019, 07h00

Faltava acesso direto à integra do material que vem sendo divulgado a conta gotas pelo site The Intercept Brasil e seus parceiros para que se pudesse afinal conferir a autenticidade das mensagens trocadas pelos procuradores da Lava Jato de Curitiba entre si e com o então juiz Sérgio Moro. Não falta mais.

Por respeito às leis universais do bom jornalismo, o Intercept recusa-se revelar a fonte de suas informações. Mas se foi mais de uma fonte, uma delas atende pelo nome de Walter Delgatti Neto, vulgo “Vermelho”, um dos hackers presos na semana passada. A Polícia Federal já teve acesso ao que ele repassou ao site.

E, a essa altura, sabe se pelo menos as mensagens divulgadas até aqui foram ou não adulteradas, e se não foram, que elas de fato correspondem ao que se conhece. O destino do ex-juiz, portanto, está nas mãos dos agentes federais subordinados a ele. E esse é apenas um dos aspectos bizarros de toda essa história.

Em um país que se leva a sério é inimaginável que uma das partes envolvida em um escândalo comande a apuração do caso que poderá destruir sua reputação e determinar o fim de sua carreira pública. Mas é exatamente o que faz Moro, ministro da Justiça do presidente que se beneficiou de suas decisões ao tempo de juiz.

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A não terem sido editadas, as mensagens revelam acima de qualquer margem de dúvida razoável que Moro comportou-se ao mesmo tempo como juiz e assistente de acusação no processo do tríplex do Guarujá que condenou o ex-presidente Lula a 12 anos de cadeia, impedindo-o de disputar as eleições do ano passado.

No caso do escândalo do mensalão do PT, Lula enganou o país com a falsa desculpa de que o dinheiro pago a deputados para que votassem como o governo mandava era produto de caixa 2, um crime considerado menor. O truque foi inventado pelo então ministro da Justiça, o advogado Márcio Thomaz Bastos.

Moro foi um bom aluno do seu antecessor no cargo. Como não podia simplesmente negar os termos das conversas que lhe foram atribuídas, valeu-se do truque de dizer que não poderia validá-las, a não ser que o Intercept abrisse seus arquivos à Polícia Federal. O Intercept jamais faria isso, e Moro sabia. E assim, noves fora nada.

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A crise política detonada com a publicação das conversas tinha duas faces, a do Intercept e a de Moro, e estava razoavelmente sob controle até a última sexta-feira. Com a prisão dos hackers da República de Araraquara, bandidos de escalões inferiores do crime, a crise ganhou mil faces e ninguém por ora a controla.

Foi o que percebeu o presidente Jair Bolsonaro, ou o que algum auxiliar lhe soprou aos ouvidos. Por isso, ontem, a pretexto de reafirmar sua confiança em Moro, ele repetiu que não se preocupa com o fato de ter sido hackeado, e garantiu que as provas do crime apreendidas pela Polícia Federal não serão apagadas.

Bolsonaro deu um chega para lá em Moro que acenara com a destruição das provas para proteger os hakeados e, assim, também proteger-se. Ensinou-lhe que só à justiça cabe qualquer decisão a respeito. Por fim, Bolsonaro mostrou novamente que ninguém o tutela, ele é quem tutela os que o rodeiam.

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Sem mais lugar no Supremo Tribunal como Bolsonaro lhe havia prometido, Moro é um morto vivo. Entrou no governo como um dos poucos ministros insubstituíveis e perdeu tal condição em menos de sete meses. Sobrevive graças à fé dos seus devotos e à vergonha inconfessa daqueles que sempre o apoiaram.

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