Há momentos, e não são poucos, em que o capitão, travestido de presidente da República por acidente, cede aos seus instintos mais primitivos. No caso do acidente, a facada que levou em Juiz de Fora e que o ajudou a se eleger como ele mesmo reconhece.
A grosseria de Jair Messias Bolsonaro, que trai sua personalidade autoritária, voltou a manifestar-se mais uma vez quando ele desembarcou, ontem à noite, em Goiânia e ouviu de uma repórter da Folha de São Paulo uma pergunta que o enfureceu.
A repórter perguntou sobre o voo recente em helicóptero da presidência da República de parte da família Bolsonaro para o casamento, no Rio, do garoto Eduardo, indicado pelo pai para ser embaixador do Brasil em Washington. Resposta do capitão:
“Com licença, estou numa solenidade militar, tem familiares meus aqui, eu prefiro vê-los do que responder uma pergunta idiota para você. Tá respondido? Próxima pergunta”.
A pergunta seguinte de outro repórter foi sobre o mesmo assunto. Então o capitão encerrou entrevista que durou menos de 20 segundos e deu as costas aos jornalistas. Não foi a primeira vez que procedeu assim, e não será a última.
O inventor do que chama de “Nova Política” restaurou a prática de oferecer mordomias a parentes. Para não viajar 35 minutos de carro, uma dezena de Bolsonaros voou 14 minutos de helicóptero da FAB entre os aeroportos de Jacarepaguá e o Santos Dumont.
Idiota foi o quê? A pergunta feita pela jornalista cuja obrigação é ver e perguntar? Ou o voo familiar autorizado pelo capitão? Ou a reação do capitão à pergunta? O voo foi pago pelos cofres públicos. Como servidor público, Bolsonaro deve satisfações.