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Crise contratada

Os primeiros passos do novo ministro da Educação

Por Ricardo Noblat
Atualizado em 30 jul 2020, 19h49 - Publicado em 11 abr 2019, 09h00

Para alguém sem experiência no ramo, salvo a de ter dado aulas numa universidade que não é de primeira linha, Abraham Weintraub, o novo ministro da Educação, revelou-se pelo menos um homem ousado com menos de 24 horas no cargo.

Demitiu da Secretaria-Executiva o brigadeiro Ricardo Machado que ali chegara há menos de 15 dias. E montou o primeiro escalão do ministério entregando as demais secretarias a economistas. Delas foram desalojados os que de fato entendiam de Educação.

A demissão do brigadeiro irritou a banda militar do governo responsável por sua nomeação. A escolha de economistas ao invés de educadores assombrou os especialistas no assunto. Por ora não houve gritaria com isso. Mas haverá em breve, e não só por isso.

Em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, Weintraub defendeu algumas teses no mínimo controversas. Pai de aluno que agrida professor deve ser processado. Se a família do agressor for cliente do Bolsa Família, “no limite” deve ser excluída do programa.

Embora se diga amigo de petistas e até admita que alguns deles possam ser “pessoas boas”, o ministro diz que “uma pessoa que sabe ler e escrever e tem acesso à internet não vota no PT”.  Por quê? Porque “a matemática é inimiga do obscurantismo”. Sim, é isso.

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Autor da pérola que diz que “os comunistas estão no topo do país, são o topo das organizações financeiras, são donos dos jornais, são os donos das grandes empresas”, o ministro pretende editar livros que tragam a versão da história considerada por ele “a mais correta”.

No caso do golpe militar de 64, por exemplo. Weintraub refere-se a ele como uma “ruptura dentro das regras”. “Houve excessos?“ – pergunta. “Houve”, responde. “Pessoas que morreram? Sim. Mas num dia de protesto na Venezuela morre mais gente”.

Golpe é golpe. Ele significa uma ruptura das regras existentes. O que ele chama de “excessos” foi a tortura e morte de dezenas de opositores do regime militar. Nunca em um só dia de protesto na Venezuela morreu mais gente do que em 21 anos de ditadura aqui.

Para dissertar sobre os graves problemas de aprendizagem nas escolas, o ministro ataca o educador Paulo Freire, que ele mesmo trata com ironia como “o patriarca da educação moderna brasileira”. E pergunta para em seguida desqualificá-lo:

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– Há quanto tempo estamos falando de Paulo Freire no Brasil? Deu certo? O Brasil gasta como países ricos em termos de PIB (Produto Interno Bruto) e nossos indicadores estão muito abaixo da média.

Freire é autor de um método de alfabetização adotado em vários países. É também o educador mais premiado fora do Brasil. Com o golpe de 64, foi obrigado a se exilar. O que ele tem a ver com os gastos do país com educação? Freire está morto, babaca!

Weintraub é uma crise contratada. 

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