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Convergência de devaneios

Fica clara em pesquisa a relação entre o negacionismo e a aprovação a Bolsonaro

Por Ricardo Noblat
16 dez 2020, 14h00

Editorial de O Estado de S. Paulo (16/12/2020)

As imagens chocam: aglomeração na Rua 25 de Março, um dos principais centros de compras dos paulistanos; praias, pontos turísticos e bares cheios no Rio de Janeiro; festas em várias cidades, com lotação esgotada e dress code que dispensa máscara. Nem parece que estamos em meio a uma pandemia de covid-19 que já matou mais de 180 mil compatriotas e dá sinais claríssimos de recrudescimento, ameaçando levar o sistema público de saúde ao colapso. Eis o sintoma de um avançado estado de negação, observado também na mais recente pesquisa do Datafolha sobre a popularidade do presidente Jair Bolsonaro e sobre sua atuação no enfrentamento da pandemia.

Desde o início da crise, o presidente Bolsonaro tudo fez para minimizar a pandemia. É ocioso recordar as tantas vezes em que o chefe de governo, de quem se espera o bom exemplo para seus governados, estimulou aglomerações, fez pouco das orientações de seu próprio Ministério da Saúde e atacou autoridades que determinaram medidas restritivas para conter o vírus.

É evidente que, ao agir assim, Bolsonaro, a título de preservar a atividade econômica, ajudou a disseminar no País a ilusão de que o vírus não é tão letal e reforçou a falsa sensação de que a pandemia está no “finzinho”, segundo suas próprias palavras. Era tudo o que milhões de brasileiros ansiosos por retomar o quanto antes seu trabalho e sua renda – sem falar de sua rotina de festas e confraternizações – queriam ouvir.

Assim, compreende-se que 52% dos entrevistados pelo Datafolha isentem Bolsonaro de responsabilidade pelos milhares de mortos pela pandemia e 30% considerem “ótima” ou “boa” sua gestão da crise, mesmo diante da escandalosa inépcia do governo em todos os aspectos relacionados com a crise.

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Esmiuçando-se um pouco mais os números da pesquisa, a relação entre negacionismo e aprovação a Bolsonaro fica ainda mais clara: dos entrevistados que dizem não ter alterado sua rotina em razão da pandemia, 54% manifestam apoio ao presidente; além disso, entre os brasileiros para os quais a pandemia está acabando, 38% confiam em Bolsonaro, enquanto entre os que entendem que a pandemia vai piorar 43% não confiam no presidente.

Assim, aqueles que se esforçam para acreditar que a pandemia já acabou, seja pela necessidade de sobrevivência, seja pela ânsia de voltar a ter vida social, encontram no discurso de Bolsonaro a confirmação de suas fantasias. Não é fora de propósito imaginar que essa convergência de devaneios esteja alimentando tanto as aglomerações irresponsáveis como a aprovação de cerca de 1/3 dos brasileiros à desastrosa administração da pandemia por Bolsonaro.

O desejo de fugir da realidade, tão evidente nessa amostra da população, se confirma na avaliação sobre Bolsonaro e seu governo em geral. Nada menos que 37% dos entrevistados pelo Datafolha consideram seu governo “ótimo” ou “bom”, a despeito da inação em praticamente todos os setores relevantes para o País e de sua dedicação exclusiva à reeleição e à proteção dos filhos.

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Ainda há uma conexão direta entre essa avaliação positiva do governo Bolsonaro e o auxílio emergencial concedido aos que perderam renda na pandemia: na Região Nordeste, uma das mais afetadas pela crise, a rejeição ao presidente caiu para 34%, ante 52% em junho, como efeito direto da ajuda federal. No interior do País, a rejeição a Bolsonaro é de apenas 26%, ante 40% nas regiões metropolitanas.

Ressalte-se que a popularidade de Bolsonaro – aprovação de 37%, ante rejeição de 32% – ainda é muito baixa. Com cerca de dois anos do primeiro mandato, o atual presidente só não é mais rejeitado do que Fernando Collor – que, em março de 1992, ano de seu impeachment, atingia rejeição de 48% e aprovação de 15%.

Ainda assim, é espantoso que haja tantos brasileiros – entre os quais uma grande maioria de pobres e de pessoas com baixa escolaridade, mas também um número expressivo de empresários (56%) – dispostos a considerar “ótima” ou “boa” uma administração que hoje já pode reivindicar o título de pior da história do País. Isso dá a medida da confusão moral que engolfa o Brasil.

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