Bolsonaro, Flordelis, Witzel, Pastor Everaldo, Cabral, Garotinho …
Desperdício de esperança e democracia
Por Mirian Guaraciaba
Muita urucubaca para um Estado só. Parece coisa feita, quimbanda (*) talvez. Inveja das belezas incomparáveis da cidade maravilhosa. Porta de entrada do turismo desse deslumbrante País, nosso cartão postal não merece essa gentalha.
Lembro a velha píada da criação do mundo: “Meu Deus, por que tanta beleza, tanta fartura, e nenhum cataclisma, num único país?”. E Deus respondeu: “é porque você não sabe os políticos de merda que vou por lá ..”. Uma pequena correção: na piada, Deus fala em “povinho”.
Somando tudo, o Rio de Janeiro deu a esses tipos da nossa história recente, quase 30 milhões de votos. Desperdício de esperança e democracia. Apostas no futuro de governos caducos, corruptos, representantes desonrados do cenário politico brasileiro.
Nos últimos quatro anos, seis governadores ou ex-governadores foram presos ou afastados. Antes de Witzel, o último foi Luiz Fernando Pezão, preso durante o mandato. Vale ressaltar que nos últimos 20 anos, apenas dois governadores sairam pela porta da frente do Palácio das Laranjeiras, de cabeça erguida: Benedita da Silva e Francisco Dornelles. Sergio Cabral, o maior ladrão de todos os tempos – até agora, melhor dizer – foi condenado a penas que somam 280 anos.
Histórias que se repetem, embaralhadas pelos mesmas figuras. Pastor Everaldo, preso na semana passada, padrinho político de Witzel, foi secretário da Casa Civil na gestão de Garotinho, e é amigo de longa data de Bolsonaro. “Batizou” o então deputado nas águas do rio Jordão.
Heresia que tambem acompanha a vida de Flordelis. De nome que simboliza pureza, virgindade e renovação espiritual, emblema da realeza francesa, a Flordelis do suburbio do Rio deixaria corado Nelson Rodrigues.
Cantora, pastora e deputada federal eleita por 200 mil votos, Flordelis é mais uma vergonha para o caleijado eleitor carioca. Bastidores de sua vida estão sendo revelados com requintes de despudor e ganância. Mandou matar o marido, que havia sido seu filho adotivo, e noivo de sua filha biológica.
Os filhos de Bolsonaro tambem surfaram nas urnas. Ganharam popularidade, e denúncias de corrupção e degeneração moral que, tomara, emporcalhem seus 3 milhões de votos.
O Capitão riu quando soube do afastamento de Witzel. Fez pouco de seus eleitores. Fizeram campanha juntos em 2018. Eleitores de um foram eleitores do outro. Bolsonaro pode ter rido de nervoso. Afinal, Witzel terá que explicar porque seu amigo Mario Peixoto (preso na semana passada) fez depósitos na conta de sua mulher, Helena.
Isso lembra alguma coisa, valentão?
De Bolsonaro, já se sabe muita coisa. Desconfia-se de outras tantas. Só não se sabe porque o Capitão se recusa a explicar o depósito de $ 89 mil que Queiroz fez na conta de Michele. Por que mesmo, Capitão?
(*) A Quimbanda trabalha mais diretamente com os exus e pomba giras, também chamados de povos de rua. Estas entidades, de acordo com a cosmologia umbandista, manipulam forças negativas. Geralmente estão presentes em lugares onde há obsessores conhecidos como espíritos atrasados. (Wikipedia)
Mirian Guaraciaba é jornalista