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O primeiro blog brasileiro com notícias e comentários diários sobre o que acontece na política. No ar desde 2004. Por Ricardo Noblat. Este conteúdo é exclusivo para assinantes.

Bolsonaro despertou no brasileiro o que ele tem de pior

Março, com tantas mortes, deixará saudades em face do que está por vir

Por Ricardo Noblat
1 abr 2021, 08h00 • Atualizado em 1 abr 2021, 08h07
  • A verdade é que a popularidade do presidente Jair Bolsonaro já deveria ter desmoronado há muito tempo, mas ainda resiste como atestam as pesquisas. O que explica isso? Arrisco um palpite: ele despertou o que existe de pior em cada um de nós. E milhões de brasileiros deixaram transbordar o que antes escondiam.

    O desprezo pela vida alheia, por exemplo. Desde que eu sobreviva à pandemia, pouco me importa quantos morram. Como disse Bolsonaro: morrerão os que tiverem de morrer, principalmente os mais fracos, doentes, incapazes de resistir a uma mera gripezinha que em dezembro, como ele previu, estava no finalzinho.

    A ambição dos que tentam extrair vantagens de tudo é outro exemplo. Arthur Lira (PP-AL), presidente da Câmara, patrocina a aprovação de um projeto para que empresários possam comprar vacinas, se imunizarem e imunizarem seus empregados, despesas que seriam abatidas do Imposto de Renda.

    A justificativa de Lira, um deputado a serviço de quem lhes paga as contas: se está difícil para o Ministério da Saúde vacinar todo mundo, que a iniciativa privada o faça. Um funcionário de fábrica vacinado graças ao seu patrão, afirmou Lira, será uma pessoa a menos a ser vacinada pelo poder público.

    Em parte alguma do mundo isso acontece. A Rainha da Inglaterra só foi vacinada quando chegou a sua vez. De resto, a escassez de vacinas é geral. Só os governos responsáveis foram capazes de se antecipar ao aumento da demanda comprando vacinas para além do necessário. Não foi o caso do governo do ex-capitão.

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    Outro exemplo: a indisposição de uma sociedade por excelência individualista em obedecer ordens baixadas em nome do bem comum. É por isso que tantos dão razão a Bolsonaro quando ele diz que as pessoas devem fazer o que quiserem, ir aonde quiserem, mesmo que se contaminem e contaminem os próximos.

    É por esses motivos, e também porque o presidente acredita que procedendo assim garante as chances de se reeleger no ano que vem, que o Brasil bate recordes de mortes pela Covid. Março, que terminou ontem, foi o pior mês de toda a pandemia, superando julho do ano passado que detinha o título macabro.

    Mesmo assim, sentiremos saudades de março a confirmarem-se as previsões de que este mês de abril para os brasileiros será o pior das nossas vidas até aqui. Isso não impede que o presidente da República e os que compartilham suas ideias sigam indiferentes à tragédia que ainda não ganhou seus contornos definitivos.

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    O comitê recém-criado para coordenar as ações do governo federal no combate ao vírus revela-se inócuo. Do que adianta o ministro da Saúde defender tardias e limitadas medidas de isolamento se na mesma hora, em outro evento oficial, Bolsonaro prega o contrário, recomendando a todas as pessoas que circulem à vontade?

    O procurador-geral da República, Augusto Aras, pediu ao Supremo Tribunal Federal que suspenda decretos municipais e estaduais que proíbem a realização de cultos, missas e outras atividades religiosas de caráter coletivo. Alegou que a assistência espiritual é essencial para muitas pessoas enfrentarem a pandemia.

    Essencial é que fiquem em casa todos que puderem ficar. E que mesmo em casa, não façam reuniões familiares. No Distrito Federal, hospitais não têm como acomodar os corpos de vítimas da Covid, e cemitérios distribuem senhas entre famílias que desejam enterrar seus mortos dada à falta de covas em número suficiente.

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    O Ministério da Saúde reduziu quase à metade o número de doses de vacinas que estariam disponíveis em abril. O neurocientista Miguel Nicolelis, professor da universidade Duke, nos EUA, adverte no jornal El País: “Estamos a poucas semanas de um ponto de não retorno da crise do coronavírus no Brasil”.

    O que isso pode significar, de acordo com ele: mais de 4.000 e até 5.000 mortes diárias e um total de 500.000 vítimas em julho. O que mais o preocupa é a possibilidade de um colapso funerário. Se isso ocorrer, “veremos corpos abandonados pelas ruas em espaços abertos e o uso de valas comuns para enterros coletivos”.

    Se você não acredita nisso, acha um exagero, ou pensa que nada o afetará, esteja certo: você é um bolsonarista enrustido e não sabe.

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