O ainda ministro Gustavo Bebianno, secretário-geral da presidência da República, não perderá o lugar por ter dito que falou com o presidente Jair Bolsonaro quando ele ainda estava internado no hospital Alberto Einstein, e foi chamado de mentiroso pelo garoto Carlos Bolsonaro, o Rottweiler do pai.
Bebbiano, de fato, falou – por meio de troca de mensagens no WhatsApp. Explicou-se sobre a descoberta de que o PSL, partido do presidente, montara um laranjal de falsas candidaturas nas eleições passadas para desviar dinheiro público. E disse que não tinha culpa nisso.
Ele será demitido por outras coisas. Porque vazou para a imprensa a informação de que Bolsonaro mandara que cancelasse uma audiência que daria a Paulo Tonet, diretor da Rede Globo em Brasília. Porque Bolsonaro desconfia que ele passou informações à emissora sobre os rolos de Flávio.
Foi Bebianno que indicou o empresário carioca Paulo Marinho para suplente de Flávio que se elegeu senador. Caso se agravasse a situação de Flávio na justiça e ele acabasse por ser forçado a renunciar ao mandato, Marinho o substituiria. Mas não é só isso que preocupa Bolsonaro.
Seu maior temor é com o que mais possa ser revelado sobre suas ligações, e as dos filhos, com milicianos do Rio, uns já presos, outros ainda foragidos. Bebianno, se quisesse, teria como alimentar o noticiário a respeito. Melhor para Bolsonaro é afastar-se dele, afastando-o do governo.
Não deixa de ser uma aposta no silêncio de Bebianno depois de demitido. O ministro tem insinuado que poderá sair atirando, mas muitos que perdem o poder costumam proceder da mesma forma e, por fim nada falam mais tarde. Há uma razão para isso que pouco tem a ver com lealdade.
Quem guarda segredos vale muito pelo que sabe. Quem os revela, deixa de valer por mais estragos que possa ter provocado em seu alvo. Em breve, Bebianno, feito de Bobianno por Bolsonaro e seus afiados garotos, será uma página virada num governo que mal começou – e que começou mal.