Assine VEJA por R$2,00/semana
Imagem Blog

Noblat Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO

Por Coluna
O primeiro blog brasileiro com notícias e comentários diários sobre o que acontece na política. No ar desde 2004. Por Ricardo Noblat. Este conteúdo é exclusivo para assinantes.
Continua após publicidade

Apesar de vocês

Bolsonaro foi um ativista da violência, e o PT, ainda antes de ter Haddad como preposto de Lula, não deixou por menos.

Por Mary Zaidan
Atualizado em 30 jul 2020, 20h15 - Publicado em 14 out 2018, 10h00

O uso não raro inescrupuloso dos meios para se chegar ao fim, a apropriação do Estado, a ditadura do pensamento único e a consequente patrulha, práticas recorrentes entre os regimes fascistas, estão em voga. Os dois candidatos à Presidência da República que saíram do primeiro turno são, direta ou indiretamente, experts nesses hábitos. E tentam convencer o distinto público do contrário.

Mesmo diante da barbárie que a disputa eleitoral se tornou, com esfaqueamento de candidato de um lado e de eleitor de outro, intolerância absoluta e agressividade nas alturas, é difícil crer em um Jair Bolsonaro como um manso pregador da paz. Assim como é absolutamente inverossímil a postura de democrata bonzinho de Fernando Haddad, tendo por trás dele o PT em fúria. Não basta mudar as cores e a logotipia.

Ao longo da campanha, Bolsonaro foi um ativista da violência, e o PT, ainda antes de ter Haddad como preposto de Lula, não deixou por menos. O horror da suástica cravada na pele de uma simpatizante do #EleNão é tão repugnante quanto o traumatismo craniano provocado por dirigentes petistas em um manifestante anti-PT, na frente do Instituto Lula, em abril deste ano.

Os dois candidatos fazem agora juras à Constituição e à democracia, mas não tiveram qualquer escrúpulo de incluir em seus programas de governo a convocação de uma Constituinte, popular ou de notáveis. Muito menos demonstram respeito pelas instituições, em especial a Justiça. Bolsonaro quer retirar poderes do Supremo ampliando, à lá Venezuela, o número de excelências com assento no STF. E o PT, que há meses tenta desacreditar o Judiciário interna e externamente, incluiu a própria Venezuela no programa, criando exuberâncias como comissões populares de controle da Justiça e, óbvio, da mídia.

Nada como o ódio à mídia – traço incontestável dos regimes totalitários – une mais os que se dizem opostos. Bolsonaro, que se vangloria de defender a liberdade de opinião e de repudiar qualquer controle, chama a imprensa de lixo e pede a seus correligionários para que não atendam aos jornalistas. Nas redes, faz terrorismo, denegrindo formadores de opinião com notícias falsas. O que fizeram com a jornalista Míriam Leitão foi um escárnio.

Continua após a publicidade

No PT, as mídias tradicionais são tidas como inimigas há tempos. Com direito a arrependimento de Lula e dos seus por não terem feito o controle rígido delas quando estavam no Planalto e gozavam de confortável maioria, ainda que comprada pelos Mensalão e Petrolão.

Antes de ser preso, sempre que podia, e até no último minuto, Lula esbravejou contra a “Óia, que destila ódio e mentira”, a TV Globo, vandalizada por militantes em Goiás e no Rio Grande do Sul, todos os jornais e revistas. Só se sentia confortável com os blogueiros amigos. Hoje, depois de o PT perder a liderança na divulgação de mentiras, acusa Bolsonaro de propagar notícias falsas nas redes, o que é verdade. Mas continua querendo que também pareçam verdadeiras troças como a de que o adversário vai confiscar a poupança.

Apropriar-se do Estado para buscar a hegemonia de um partido no poder é tão indecente quanto imaginar o mando absolutista de um general. “Tomar o poder” é diferente de ganhar a eleição, como bem disse o petista José Dirceu. Do outro lado, armar a população e deixar matar não poderia ser política de Estado. Muito menos permitir que os direitos humanos sejam violados em nome dos “direitos das vítimas”, como o programa de Bolsonaro preconiza.

Isso posto, temos que ambos carregam na veia o viés do fascismo, palavra-chave desta eleição, ainda que muitos que a usem não saibam o significado, a dureza e a profundidade dela.

Continua após a publicidade

Os verdadeiros democratas – os 69% que preferem a democracia, de acordo com o Datafolha – vão ter muito trabalho pela frente. Não importa quem vença, terão de impedir arroubos autoritários, retrocessos comportamentais e políticos, abusos. Vão ter de usar o Congresso e a Justiça, todos os recursos institucionais e as ruas.

Afinal, como a história recente do país demonstrou, o presidente da República pode muito, mas não pode tudo. Ao fim e ao cabo, a sustentação da democracia depende de cada um de nós, e isso vai além do dia e do ato do voto. Sempre foi e continuará sendo assim.

Mary Zaidan é jornalista. E-mail: zaidanmary@gmail.com Twitter: @maryzaidan 

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Domine o fato. Confie na fonte.

10 grandes marcas em uma única assinatura digital

MELHOR
OFERTA

Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 2,00/semana*

ou
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Veja impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 39,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$96, equivalente a R$2 por semana.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.