Assine VEJA por R$2,00/semana
Imagem Blog

Noblat Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO

Por Coluna
O primeiro blog brasileiro com notícias e comentários diários sobre o que acontece na política. No ar desde 2004. Por Ricardo Noblat. Este conteúdo é exclusivo para assinantes.
Continua após publicidade

A verdade da mulher é que está arrancando o poder dos homens (Juan Arias)

Vivemos em um mundo em que o poder masculino passou de se divertir com a suposta fraqueza das mulheres

Por Juan Arias
Atualizado em 30 jul 2020, 19h06 - Publicado em 10 mar 2020, 12h00

No mundo inteiro e não só no Brasil, os homens continuam matando as mulheres. A conclusão poderia ser que eles são mais fortes. Não são. Eles as matam porque têm medo, já que a mulher é mais forte que o homem diante da dor e da morte. O homem parece mais forte porque detém em suas mãos o poder que destrói. E o poder hoje, como afirma o filósofo Jason Stanley em seu livro Como funciona o fascismo, “gira em torno do medo”. E um dos grandes medos do fascismo é o despertar da mulher.

Vivemos, de fato, em um mundo em que o poder masculino passou de se divertir com a suposta fraqueza das mulheres, a difamá-las e até matá-las. Essa mudança de brincadeira à perseguição revela um segredo: a mulher já não é para o homem um brinquedo para diversão, e sim um inimigo a abater. Hoje o poder masculino fascista se sente ameaçado pela nova personalidade da mulher que perdeu, pelo contrário, o atávico temor ao macho e revela a força interior que pertence a sua essência.

Não é fácil definir o novo feminismo que está imperando no mundo e é tão visível no Brasil, já que a nova relação entre os sexos está em plena evolução e revolução. É o novo salto quântico da feminilidade que passou da antiga regra da submissão ao homem, a revelar a força interior que a natureza lhe deu e que o homem, por medo, havia tentado castrar.

Hoje vivemos uma revolução feminina cuja grande aposta de libertação chega de dentro. É como se a mulher estivesse perdendo o medo que a prendeu no passado frente ao homem. Tomou consciência de que em tantos aspectos o feminino é mais forte diante da dor, da adversidade e da morte do que o mundo masculino.

Uma mulher hoje que não se prende aos estereótipos do passado e se sente até mais mulher. O feminino está perdendo seu velho complexo de inferioridade para se descobrir como uma força nova que não precisa das velhas armas do passado para resistir e sobreviver. A pujança do feminino está se descobrindo forte como a natureza diante de quem o homem começa a se sentir inquieto, desarmado e medroso. Até o fascismo começa a temê-las.

Continua após a publicidade

Isso explica o fato de que o homem, diante dessa descoberta da força interior da mulher, capaz de encarar como ninguém o medo e a morte, sinta um certo espanto e temor, negando-a a entrada nos salões do poder quando não matando-a, que é a suma covardia e que revela o medo que ainda engendra a força misteriosa do feminino.

E meu pensamento vai, como exemplo da força interior da mulher, neste oito de Março turbulento do Brasil, a essa caravana das mulheres pobres e sofridas das comunidades marginais das periferias das cidades, dominadas pela força bruta masculina que as abandona a sua sorte.

São essas mulheres heroicas, as que com seu valor e sua força sustentam sozinhas as famílias que melhor representam hoje o novo feminismo. Esse que dá medo aos senhores do poder que pensam que desprezando-as e ameaçando-as irão dobrá-las.

Eles perderão essa batalha porque a força do feminino joga com outras armas contra as quais não adiantam as metralhadoras, porque elas não temem a morte. Quanto mais o poder as despreza e procura isolá-las, mais aterrorizarão seus sonhos de homens frustrados incapazes de entender que, como na nova leitura feminina da cena bíblica da criação, a mulher é capaz de desafiar os antigos mitos do poder. Esses mitos masculinos que, desde o início do mundo, tentaram colocar a mulher aos seus pés: “A mulher que me destes por companheira me deu o fruto da árvore e eu o comi”, Gênesis, 3,12, se queixou Adão a Deus. A mulher acabou dessa forma sendo a grande tentadora, a culpada dos males do mundo.

Continua após a publicidade

A nova mulher que está ressuscitando, liberada dos mitos que tentaram rebaixar sua força natural, precisará agora de homens novos capazes de aceitar e compartilhar de mãos dadas sua força original que nem mesmo a perseguição e a morte foram capazes de dobrar.

Dedico esta coluna a todas as mulheres e em especial às que, ao longo da vida, começando por minha mãe, me ajudaram a entender e amar a força e a luminosidade do feminino. Feliz Dia da Mulher, de um modo especial a todas minhas colegas do jornal que lutam como titãs para que os homens não se esqueçam de que o mundo mudou e que a revolução feminina veio para ficar.

(Transcrito do jornal El País) 

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Domine o fato. Confie na fonte.

10 grandes marcas em uma única assinatura digital

MELHOR
OFERTA

Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 2,00/semana*

ou
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Veja impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 39,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$96, equivalente a R$2 por semana.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.