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A República familiar vence

Mais uma absurda e desnecessária confusão do governo

Por Mary Zaidan
Atualizado em 17 fev 2019, 16h12 - Publicado em 17 fev 2019, 10h00

Gustavo Bebianno fica, Bebianno cai, fica de novo, cai. O que menos importa é o destino do ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência, um aliado de primeira hora do então candidato Jair Bolsonaro, que se tornou coadjuvante de um roteiro explosivo protagonizado em dupla pelo papai presidente e o filho do meio, Carlos. Mais uma absurda e desnecessária confusão de um governo que adora promovê-las.

Em apenas um mês e meio – incluindo aqui os 16 dias de hospitalização depois da cirurgia de reversão da colostomia a que o presidente foi submetido -, o governo Bolsonaro se tornou um recordista ao avesso: é imbatível em atiçar incêndios, parte deles apagados pelos militares de plantão.

Já brigou com o mundo árabe ao anunciar a intenção de mudar a embaixada brasileira de Tel-Aviv para Jerusalém, com chineses e ambientalistas. Com educadores e Organizações Não Governamentais, sem nem mesmo avaliar o trabalho de cada uma delas. Até com a Igreja Católica. Em relação à imprensa, expõe uma rixa cotidiana fermentada nas redes sociais com uma infinidade de notícias falsas, insultos e xingamentos a jornalistas.

Na sexta-feira, foi a vez de o general Augusto Heleno, ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional, tentar dar um basta nas ingerências do reincidente Carlos. Ativíssimo nas redes sociais, foi Carlos quem provocou desconfianças quanto ao vice-presidente Hamilton Mourão, insinuando que ele torcia pela morte do titular.

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No caso de Bebianno, além de afirmar que o ministro mentira ao dizer que falara por telefone com o pai, colocou no ar um áudio em que Bolsonaro se nega a atender o auxiliar. Os militares foram à loucura, visto que a comunicação do presidente – de qualquer um – é inviolável e segue normas de segurança rígidas, rompidas pelo filhote.

Há um fato incontestável: Bebianno mentiu. Mentiu sobre o chefe, envolveu o presidente da Republica na sua mentira, o que é grave. Possivelmente para por panos quentes na suspeita de que quando presidia o PSL estivera envolvido com candidaturas laranjas utilizadas pela legenda para obtenção de recursos do Fundo Partidário. Mas se Bolsonaro entende que houve quebra de confiança e que demissão é a forma correta de punir, que o exonerasse de pronto.

Escolheu o caminho mais tortuoso. De ora manter, ora defenestrar o auxiliar. De quebra, minou a autoridade do ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, que na tarde da sexta-feira do cai-não-cai garantiu a Bebianno, em nome do presidente, que ele seria mantido. Sob Lorenzoni, homem-chave para negociar as pautas do governo com o Congresso, a primeira delas a indispensável e dificílima reforma da Previdência, vai sempre pairar a dúvida se ele fala ou não pelo chefe.

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O episódio põe em cheque a mão-dupla que a lealdade exige e pode ainda constranger os demais integrantes do governo, eles também reféns de eventuais desagrados que possam causar aos filhos do presidente.

As peripécias de Carlos acabaram por ofuscar as que rondam o primogênito, senador Flávio Bolsonaro, investigado por crime eleitoral relacionado à compra de imóveis, enrolado com proteção a milícias e suspeições de cobrança de pedágio de funcionários de seu gabinete quando era deputado estadual do Rio. Já o caçula, deputado federal Eduardo Bolsonaro, responde processo por suposta ameaça a uma ex-namorada, Patrícia Lélis.

Por mais de 13 anos, o país assistiu ao PT se apoderar do Estado e misturá-lo a seu bel prazer com o partido, distribuindo fartura aos seus amigos de fé. Findo o domínio petista, Michel Temer até prometia, mas se enterrou na garagem do Palácio do Jaburu, ao receber o mui amigo Joesley Batista. Agora, Bolsonaro embaralha as funções de chefe de governo com as de pai, e, como sempre ocorre quando se quer conciliar o inconciliável, falha nas duas pontas.

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Espalha gasolina em um ambiente inflamável por natureza, queimando pontes difíceis de serem reconstruídas. E entre o Planalto e a cozinha de sua casa, deixa clara a preferência pela inédita República familiar.

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