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A esquerda mostra suas garras

Nossa esquerda, ou parte dela, sempre teve dificuldades em conviver com uma imprensa livre

Por Hubert Alquéres
Atualizado em 2 ago 2018, 16h00 - Publicado em 2 ago 2018, 16h00

Liberdade de imprensa e independência dos poderes são pilares fundamentais de qualquer país democrático do planeta. Não por acaso, toda ditadura quando se instala trata logo de suprimi-los.

Perto de nós temos a Venezuela de Nicolás Maduro e a Nicarágua de Daniel Ortega que não nos deixam mentir. Esse figurino autoritário, no qual a imprensa é garroteada e os poderes Legislativo e Judiciário são meras correias de transmissão dos interesses do Executivo, felizmente não encontra abrigo na nossa Constituição. Mas tentativas de alterar isto não faltaram.

Nossa esquerda, ou parte dela, sempre teve dificuldades em conviver com uma imprensa livre e poderes independentes, quando esses valores foram um estorvo para seus propósitos. No passado, sargentos apoiados por parlamentares da Frente Parlamentar Nacionalista fizeram refém o então presidente do Supremo Tribunal Federal, Vitor Nunes Leal, e o presidente em exercício da Câmara por causa da decisão judicial de reafirmar que soldados, cabos e sargentos eram inelegíveis, como definia a Constituição de 1945.

Na mesma época, Francisco Julião e suas Ligas Camponesas pregavam a reforma agrária “na lei ou na marra”. A esquerda, com o apoio do presidente João Goulart, tentava emparedar o Parlamento que consideravam reacionário e contra as reformas de base. O fim dessa novela, conhecemos, foram os 21 anos de ditadura.

Imaginávamos uma esquerda reciclada, convertida aos valores democráticos, que tinha aprendido com os erros do passado. Como o lulopetismo, bem ou mal, aceitou o jogo democrático nos anos em que esteve no poder, não víamos maiores ameaças na disputa presidencial.

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Não é o que vem acontecendo. Após ser apeada do poder por um processo legítimo e constitucional, a esquerda mostra suas garras, por meio das suas duas principais candidaturas.

O cacoete autoritário de Ciro Gomes veio à tona com suas declarações de que só ele pode libertar Lula, avocando para si poderes que, rigorosamente, são do Judiciário. “Lula só tem chance de sair da cadeia se a gente assumir o poder e organizar a carga”, disse sem considerar que quem manda prender ou soltar não é o presidente de plantão, é a Justiça. E por meio do devido processo legal.

O mesmo Ciro faz declarações que são sinfonia aos ouvidos de quem está envolvido em denúncias de corrupção ao prometer colocar juízes e o Ministério Público de volta à “caixinha” e restaurar o poder politico. Por trás do seu destempero esconde-se a alma de um autocrata.

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Muito mais perigosas, por serem mais articuladas, são as incursões da candidatura Lula contra a liberdade de imprensa e a independência dos outros poderes. Ao adiantar pontos do programa do candidato petista, o ex-prefeito Fernando Haddad explicitou a intenção de se alterar o mecanismo de escolha dos membros do STF, de restringir as funções da Suprema Corte, de fazer a “regulação da imprensa”, eufemismo para a supressão da liberdade de imprensa, e de governar por meio de plebiscitos para revogar medidas como  a Reforma Trabalhista, entre outras.

Não por coincidência, Hugo Chávez, Maduro e Ortega utilizaram os mesmos expedientes para terem uma imprensa domesticada e um Judiciário servil. Por uma razão simples: a esquerda terceiro-mundista não se despiu da velha concepção que entende a democracia como um expediente tático a ser deixado de lado assim que obtém o poder de mando.

 

Hubert Alquéres é professor e membro do Conselho Estadual de Educação (SP). Lecionou na Escola Politécnica da USP e no Colégio Bandeirantes e foi secretário-adjunto de Educação do Governo do Estado de São Paulo 

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