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Um desfile de incertezas

São poucas as convicções do que vai influenciar na escolha do eleitor

Por Murillo de Aragão Atualizado em 4 out 2021, 11h19 - Publicado em 3 out 2021, 08h00

Ao entrar o mês de outubro, o Brasil antecipa o fim do ano e inaugura o ano eleitoral, em razão do calendário político. Serão doze meses até o primeiro turno. O que vai acontecer? Como sempre, fazer previsões é um trabalho arriscado, pois quem prevê o futuro erra mesmo quando acerta. Podemos arriscar, porém, algumas tendências e apontar incertezas que estão no ar. É certo dizer que as eleições presidenciais de 2022 serão diferentes das de 2018. Até aí, nada de mais. Afinal, eleições são eleições, conforme dizia Fangio acerca das corridas de automóveis. Cada uma tem as suas especificidades. Mas que especificidades serão diferentes? Vamos a elas.

A pandemia de covid-19, obviamente, terá impacto na escolha do eleitorado. Provavelmente chegaremos a mais de 650 000 mortos até o fim do ano, o que é, de longe, a maior tragédia humana da história do país. Cada óbito afeta, de alguma maneira, cerca de 100 pessoas, que poderão ter suas escolhas políticas influenciadas pelas perdas. A recuperação da economia também será decidida pelo fim da pandemia, com repercussões no eleitorado. A reboque das questões pandêmicas e econômicas discute-se se teremos um novo Auxílio Emergencial ou um Bolsa Família turbinado, além dos periódicos “chuveirinhos” que a equipe econômica aciona para animar o ambiente. Tudo poderá ter efeito na escolha do eleitorado.

“Alavancados por fundos eleitorais gigantescos, os partidos políticos serão os grandes financiadores da campanha”

Em 2018 existia um claro sentimento antipetista que movia a maior parte dos eleitores. Hoje, a rejeição ao PT foi amortecida pelos insucessos do presidente Bolsonaro ao longo da pandemia. Na esteira do antipetismo havia ainda uma forte indignação com os fatos relacionados à Operação Lava-Jato. Em 2022, o sentimento anticorrupção ainda será forte, mas não tanto quanto na eleição passada. Outro ponto relevante diz respeito à atuação das redes sociais. Em 2018 elas foram vitais. Em 2022, limitadas pelas regulações do Tribunal Superior Eleitoral e pela autorregulação das plataformas, as redes não devem ter o mesmo impacto. Nesse sentido, os partidos com mais estrutura financeira ganham vantagem. Bolsonaro reconheceu que ter uma estrutura partidária será mais importante agora do que em 2018. Alavancados por fundos eleitorais gigantescos, os partidos políticos serão os grandes financiadores da campanha.

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Outro ponto distinto dessa corrida reside na realização de prévias do PSDB, que terão inusitada cobertura midiática, inclusive com debate em rede nacional, e serão decisivas para apontar a potencial configuração de uma terceira via no país. Outro fator se refere às regras que proíbem coligações para eleições legislativas. A consequência disso é a potencial fusão de partidos, com a redução de legendas competitivas na disputa. O movimento mais emblemático é a possível fusão do DEM com o PSL, criando uma megalegenda partidária. Finalizo com as dúvidas, e não são poucas. A polarização Bolsonaro X Lula vai prevalecer em detrimento de uma terceira via? Quem despontará como real opção fora da polarização? A elevada rejeição a ambos — Bolsonaro e Lula — pesará na reta final da disputa? A retomada da economia ocorrerá a tempo de ajudar o governo? Os aliados do presidente no Centrão estarão com ele na campanha de 2022? Enfim, o desfile de incertezas está apenas começando.

Publicado em VEJA de 6 de outubro de 2021, edição nº 2758

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