Assine VEJA por R$2,00/semana
Imagem Blog

Murillo de Aragão Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO

Por Murillo de Aragão
Continua após publicidade

Pautas-bomba para setembro

Congresso tem agenda recheada de temas fiscais problemáticos

Por Murillo de Aragão Atualizado em 28 ago 2020, 11h02 - Publicado em 28 ago 2020, 06h00

Depois do susto no Senado, quando os parlamentares votaram a favor da derrubada do veto ao reajuste do funcionalismo público, o governo respirou aliviado ao ver que a Câmara manteve o veto do presidente. Mas a vitória não indica uma tendência tranquila. A derrota no Senado evidencia que o apoio ao Executivo na Casa é volátil e demanda atenção constante. Os partidos que compõem o chamado Centrão, que na Câmara são mais fiéis ao governo, não atuam da mesma forma no Senado. Tanto que, no debate sobre a entrada em vigor da Lei Geral de Proteção de Dados, novamente o Senado desagradou ao governo ao decidir pela imediata aplicação da medida.

A forma de relacionamento com os senadores guarda algumas diferenças de estilo em relação à Câmara. Cada senador é uma instituição em si e cada voto tem peso considerável. Além do mais, por causa de interpretação do Supremo Tribunal Federal, senadores podem mudar de partido sem risco de perder o mandato. Também por isso tendem a agir com maior independência em relação aos líderes partidários.

Em meio à incerteza sobre a consistência do apoio político às pautas de interesse, o governo terá de lidar novamente com a batalha de vetos incômodos. E dessa vez os itens a serem analisados serão mais complexos. O congelamento da remuneração dos servidores, embora de maior impacto fiscal, nem de longe envolveu o nível de pressão a ser enfrentado nos dispositivos que os congressistas vão analisar nos próximos dias. A previsão é de que a votação dos vetos ocorra no início de setembro.

“Será necessário um grande esforço de articulação para que as decisões presidenciais sejam mantidas”

Os vetos em questão possuem peso orçamentário expressivo e vão demandar grande esforço de articulação por parte do governo para que as decisões presidenciais sejam mantidas. O item mais crítico é o que prorroga a desoneração da folha de pagamentos de dezessete setores da economia até dezembro de 2021. O custo estimado da extensão do benefício é de 10 bilhões de reais. Até o momento, o cenário é desfavorável ao governo. A visão majoritária entre os congressistas é de que há votos suficientes para a derrubada do veto.

Continua após a publicidade

A ampliação do auxílio emergencial a diversas categorias profissionais também representa uma bomba fiscal e possui forte apelo entre os parlamentares. Somente essa parte do veto representa um custo adicional de 1,8 bilhão de reais em três meses, sem contar a prorrogação do auxílio, já prevista pelo governo. E ainda há mais dispositivos da matéria que aumentam os gastos.

Outro veto crucial para o governo é o que permite que as empresas estatais de saneamento básico possam prorrogar a prestação dos serviços por mais trinta anos, postergando, assim, a possibilidade de serem privatizadas. A manutenção de tal dispositivo na lei foi acordada com os parlamentares para viabilizar a conclusão da votação da matéria no Congresso e depois retirada por orientação do Ministério da Economia. O veto causou grande descontentamento entre os congressistas.

As pautas-bombas ainda contêm outros temas, como o tabelamento retroativo da taxa de juros, já aprovado no Senado e em tramitação na Câmara. Com um Senado mais desalinhado, a dependência do governo aos partidos do chamado Centrão aumenta. O debate sobre o teto de gastos e sua eventual flexibilização também será um desafio, assim como o início da tramitação do Orçamento da União de 2021. Setembro promete fortes emoções para o governo e para mercado.

Publicado em VEJA de 2 de setembro de 2020, edição nº 2702

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Domine o fato. Confie na fonte.

10 grandes marcas em uma única assinatura digital

MELHOR
OFERTA

Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 2,00/semana*

ou
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Veja impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 39,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$96, equivalente a R$2 por semana.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.