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Negócios do filho enrolado podem prejudicar Biden até antes da posse?

Hunter Biden é alvo de uma investigação por suspeita de fraude fiscal em negócio literalmente da China e isso não vai facilitar a vida do pai presidente

Por Vilma Gryzinski 11 dez 2020, 08h01

Tem gente que costuma dizer, geralmente exagerando, que “minha vida daria uma novela”.

A vida de Robert Hunter Biden daria várias novelas – séries, filmes, o que for mais conveniente.

Os bons roteiristas costumam resumir as palavras-chaves de suas histórias para ter certeza que  o público que os ganchos sustentarão a curiosidade do público

Algumas das palavras-chave sobre as tribulações do filho do presidente que toma posse em 20 de janeiro: desastre catastrófico que matou a mãe na infância, baixa da Marinha por uso de drogas, cocaína, crack, prostitutas, suspeitas de favorecimento ilícito quando o pai era vice-presidente, divórcio escandaloso, caso com a cunhada viúva do irmão certinho, DNA para reconhecer paternidade de filha com profissional de striptease, casamento a jato, impeachment de um presidente americano.

E quando tudo parecia ter sido resolvido, com o personagem principal comprometido a não criar mais problemas para o pai quase octogenário, eleito presidente dos Estados Unidos justamente porque não tem o som e a fúria que acompanham Donald Trump, a bomba: promotores federais estão investigando sua vida fiscal por suspeita de fraude e lavagem de dinheiro.

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A investigação começou em 2018 e envolve a misteriosa história do computador que ele deixou para conserto e nunca mais foi buscar, entregando a um estranho uma montanha de informações.

Algumas meramente comprometedoras no campo do comportamento social (drogas, prostitutas, pornografia). Outras insinuando uma ligação nada legítima em que interesses comerciais relacionados a ucranianos com muito dinheiro redundavam em contatos com o vice-presidente dos Estados Unidos. 

Um dos textos dá a entender que houve até a infame troca de dinheiro por apresentações. O ucraniano apresentado, supostamente, ao vice-presidente era da diretoria da Burisma, a empresa de gás que contratou os serviços de Hunter a 50 mil dólares por mês.

Só para recapitular: foram as canhestras tentativas de Trump para forçar o governo ucraniano a apresentar indícios de nepotismo ou corrupção envolvendo o filho de Joe Biden que provocaram seu impeachment (o afastamento não passou no Senado, como todo mundo já sabia que aconteceria).

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As investigações atuais, até onde se sabe, envolvem negócios de Hunter Biden com um banco de investimentos chinês.

Só a aparência de conflito de interesses já seria lamentável: Hunter viajou com o pai, encarregado de missão oficial junto ao governo chinês. 

“Dez dias depois, a empresa de Hunter Biden fechou um negócio de 1,5 bilhão de dólares com uma subsidiária do Bank of China, pertencente ao governo chinês”, escreveu Peter Schweizer no livro autodeclaratório intitulado “Impérios Secretos: como a classe política oculta corrupção e enriquece familiares e amigos”.

Uma das empresas de Hunter, a Rosemont Seneca, e o Bank of China criaram um fundo de investimentos chamado Bohai Harvest RST. 

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O sócio chinês, com quem Hunter “tomou um café “durante a visita oficial do pai, é Jonathan Li.

Ele também se aproximou de Ye Jianming, um magnata do petróleo, e de um sócio dele Patrick Ho. A implacável promotoria do distrito Sul de Nova York condenou Ho por tentativa de suborno de membros do governo no Chade e em Uganda.

Um advogado de Hunter diz que ele só adquiriu 10% da Bohai em 2017, depois que o pai deixou a vice-presidência. Ele também nega que o montante das operações tenha chegado a 1,5 bilhão de dólares.

A investigação foi suspensa durante a campanha eleitoral por obrigação legal de não interferir na votação. Agora foi retomada. Participam dela o IRS, o fisco americano, e o FBI, a polícia federal.

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Quando o New York Post deu o furo do caso do computador, com seu conteúdo potencialmente explosivo, a maioria da grande imprensa, totalmente direcionada a boicotar uma segunda vitória de Trump, deu pouco ou nenhum destaque.

Agora, com uma investigação oficial em curso, isso fica mais difícil. Hunter Biden pode perfeitamente ser exonerado de culpa. Ou podem ser revelados aspectos constrangedores, embora não necessariamente ilegítimos.

Hunter Biden está com 50 anos e já deveria ter parado de criar constrangimentos para o pai. A atitude do presidente eleito, obviamente formatada por gestores de crise, tem sido dizer sempre que se orgulha do filho e da maneira como enfrentou questões difíceis como o vício.

A vida particular de Hunter não deve contaminar o que quer que venha a ser concluído sobre seu comportamento no mundo dos negócios. Mas já é possível garantir que nunca houve algum integrante da família de um presidente dos Estados Unidos tão enrolado – e isso tendo os casos nada simples dos filhos (além do genro) que Donald Trump levou para a Casa Branca e suas campanhas.

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Se conseguir passar a imagem de redimido, Hunter pode deixar para trás as complicações criadas por duas forças poderosas, sexo e drogas, que o levaram a se envolver com a cunhada, Hallie Biden, pouco tempo depois da morte precoce do irmão a quem o pai venerava e esperava ver um dia eleito presidente dos Estados Unidos.

Enquanto ainda estava no relacionamento com Hallie, ele saiu com Lunder Roberts, que trabalhava num clube de striptease frequentado por ele em Washington. 

A dançarina engravidou, mas a paternidade da filhinha só foi reconhecida depois, via teste de DNA. O pagamento de pensão alimentícia também precisou ser decidido na justiça. Hunter tentou adiar as audiências dizendo que não queria correr o risco de pegar o coronavírus enquanto sua nova esposa, a sul-africana Melissa Cohen, estava grávida. 

Ele se casou com Melissa apenas dez dias depois de conhecê-la, um sinal de que continua a ser guiado pela impulsividade. Uma garantia de que não vai parar de criar problemas para o pai.

Sem a desculpa do descontrole causado por substâncias variadas, um irmão do presidente eleito, Jimmy Biden, também está sendo investigado por um negócio que envolveu um hospital cheio de encrencas, às portas da falência.

Para acalmar o ambiente de suspeitas, Joe Biden declarou no começo do mês: “Meu filho, minha família, não se envolverão em nenhum tipo de negócio, em nenhum empreendimento que esteja em conflito ou pareça estar em conflito, com distanciamento impróprio da presidência e do governo”.

Tendo passado quatro anos acusando Donald Trump de todo tipo de indecências, principalmente numa jamais provada trama com a Rússia, os democratas agora estão na posição inversa. Precisam fazer uma muralha de fogo em torno dos negócios da China do filho do presidente.

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