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Por Vilma Gryzinski
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É assim que queremos viver?

Temos o direito, e até a obrigação, de questionar saltos tecnológicos

Por Vilma Gryzinski 21 nov 2021, 08h00

O que é a vida no metaverso? Quando Mark Zuckerberg apareceu com o novo nome do Facebook, Meta, houve algumas reações parecidas. Um golpe de marketing foi uma delas. Outra, mais genérica: alguma coisa muito avançada que vai acontecer no futuro. Matrix, Matrix, Matrix, pensaram os com idade suficiente para lembrar do tempo que nem havia o Face, se é que isso é possível. Falar algo assim pode soar como coisa dos que têm necessidades tecnológicas especiais — em suma, atrasados e assustadiços diante de qualquer mudança. Mas algumas das cabeças mais avançadas do momento se preocupam com as possibilidades abertas pela inteligência artificial e, sua criação, o universo paralelo à vida real que, inevitavelmente, deixa o primeiro em posição de preponderância em relação à segunda. Existe até um nome para esse fenômeno: risco existencial decorrente da inteligência artificial avançada. A comparação mais evocada é a de que os humanos podem se tornar os novos gorilas-das-montanhas. Assim como os prodigiosos animais, hoje reduzidos a pequenas populações no coração da África, dependem da proteção dos humanos conservacionistas para sobreviver aos humanos que querem caçá-los todos, nós poderíamos nos tornar dependentes da magnanimidade de uma futura superinteligência. Como em todos os grandes mitos criacionistas da humanidade, as criaturas superariam o criador, arrancando-lhe o fruto ou o fogo do conhecimento. “O mundo é estranho e nós temos de aprender a viver com isso”, resume o físico sueco Max Tegmark, autor de Vida 3.0, em que especula sobre a possibilidade de que os robôs sapiens nos substituam completamente.

“Algumas das cabeças mais avançadas se preocupam com a inteligência artificial”

Obviamente, aprender a “viver com isso” exige recursos quase impossíveis para nossos frágeis intelectos diante de máquinas que não precisam mais ser programadas, produzem seu próprio software. “Filosoficamente, intelectualmente — de todas as maneiras — a sociedade humana está despreparada para o surgimento da inteligência artificial”, escreveu Henry Kissinger, um inesperado participante do debate sobre o que pode ser a maior mudança da história da humanidade. O arquiteto da política externa americana na década de 70 do século passado, hoje com 98 anos, começou a se interessar pelo assunto quando soube que um computador havia dominado os mecanismos do jogo Go. Quanto mais se cercou de outras mentes brilhantes, mais preocupado ficou.

No universo paralelo, ou meta, cujos fundamentos já estão dados, podemos ser mais belos, inteligentes, interessantes, aventureiros, heroicos, audazes (e também comprar produtos meta, claro). Ou agressivos, violentos, impiedosos, sem freios nem limites. Exatamente como nos games, só que “de verdade”. Nossas limitadas vidas humanas se tornarão ilimitadas. Ou acreditaremos sê-lo. Na peça do século XVII de Calderón de la Barca, na qual o personagem principal é trancado numa torre desde o nascimento, o poeta espanhol deu uma definição que atravessa os tempos e continua a nos assombrar: “Que é a vida? Um frenesi. Que é a vida? Uma ilusão, uma sombra, uma ficção; o maior bem é tristonho, porque toda vida é sonho, e os sonhos, sonhos são”.

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Sonhamos todos ou estamos sendo sonhados?

Publicado em VEJA de 24 de novembro de 2021, edição nº 2765

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