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Desunidos, perderemos

A política vira veneno coletivo quando nem o vírus ganha dela

Por Vilma Gryzinski Atualizado em 5 jun 2020, 13h23 - Publicado em 5 jun 2020, 06h00

Existe hoje um teste simples para saber quais países estão encrencados. Basta olhar o noticiário, em qualquer meio que seja, e ver qual o destaque dado à pandemia viral. Quando a política domina o campo, por maiores esforços que façam jornalistas bem-intencionados para dar a devida importância à doença ceifadora de tantas vidas (e espetar governos, como faz parte do papel profissional), podem estar certos de que a encrenca é brava. Nisso, o Brasil foi pioneiro, seguido agora pelos Estados Unidos. Guardadas as devidas proporções entre os países e as diferenças de resultados, ambos têm presidentes com três características em comum: consideram-se perseguidos, são incapazes de demonstrar empatia pelas vítimas da praga moderna e têm um tipo de personalidade que conduz naturalmente à divisão. Atenção: em relação ao primeiro item, não estão inteiramente desprovidos de razão. Donald Trump chegou a ser submetido a um processo de impeachment oco, sem embasamento, por um tema que ninguém lembra mais direito — contatos com o presidente da Ucrânia —, ao qual só sobreviveu porque o Partido Republicano tem maioria no Senado. Se não fossem míseros quatro votos (52 a 48), estaria de volta, derrotado e humilhado, a seus palacetes e sua vida de vendedor de uma marca famosa, o próprio nome — este, impiedosamente depreciado.

Republicanos e democratas em conjunto no socorro financeiro para salvar a economia durante o surto

A votação unânime do Partido Democrata contra Trump demonstrou que não é apenas o presidente quem fez um traço no chão. A oposição também se transformou na autodenominada resistência. Com um nome assim, não existe negociação, acordo, ação conjunta pelo bem do país. Cada lado é unido somente pela rejeição ao outro. Os americanos terão a eleição presidencial em novembro para passar o veredicto. Neste momento de crise nacional desencadeada pela virulência dos protestos contra a morte de um homem negro por um policial branco, está tudo em aberto. Trump pode ser despejado por eleitores desejosos de ter um presidente normal, que não mantenha o país em estado de tensão permanente — sem contar o tombo na economia e os mais de 100 000 mortos pelo vírus. Ou pode ser beneficiado pelo “voto secreto”, o eleitor que concorda com muito do que ele faz, mas não tem coragem de dizer, e agora está apavorado com a violência dos protestos transmutados em caos. Ao se proclamar “o presidente da lei e da ordem”, Trump deixou claro o cálculo eleitoral.

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Apesar do ambiente político tóxico, republicanos e democratas agiram em conjunto numa questão vital: o socorro, em pacotes de trilhões de dólares, para salvar a economia da paralisia desatada pela doença que pôs os trabalhadores em casa e o trabalho no fundo do poço. Sem o dinheiro dos contribuintes, não apenas os EUA, mas o mundo inteiro, inclusive a China, estariam no buraco. Trump, claro, seria um dos primeiros a ser tragados. “Quando um homem sabe que vai ser enforcado em quinze dias, sua mente se concentra maravilhosamente”, definiu, para todo o sempre em matéria de perspectiva, o pensador inglês Samuel Johnson. Alguma chance de que esse primor da realpolitik nos ajude nessa hora de perigo? Poucas. Mais garantido é apostar numa certeza: desunidos, sairemos todos perdendo.

Publicado em VEJA de 10 de junho de 2020, edição nº 2690

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