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Complicado: o encontro de Joe Biden com parceiros de negócios do filho

Surgem mais detalhes do discreto jantar em 2015 que deixou traços potencialmente comprometedores para o presidente

Por Vilma Gryzinski 28 Maio 2021, 08h34

“Eu nunca falei de negócios com meu filho ou com meu irmão. Ponto final”.

Esta declaração de Joe Biden desafiou até as almas mais crédulas quando o ainda candidato à Casa Branca tentou passar a imagem de uma muralha da China entre ele, como vice-presidente de Barack Obama, e o filho que levava em visitas oficiais.

Detalhe: Hunter tinha um vício devastador em crack e um fundo de investimentos em sociedade com o enteado de John Kerry, o ex-secretário de Estado que se casou com a viúva milionária do dono ketchup mais famoso dos Estados Unidos.

Que pai não se interessaria em saber como o filho, atormentado pelo vício e pelo que o próprio Hunter depois chamou de “depravação”,  estava se saindo nos negócios, ainda mais um pai extremoso como Biden?

Para se livrar de Donald Trump, muitos americanos, inclusive jornalistas, deixaram passar o conteúdo constrangedor, em termos pessoais, e comprometedor, no plano político, de um computador que Hunter levou para consertar e nunca mais foi buscar.

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Trump e Rudolph Giuliani tentaram de várias maneiras levantar ilicitudes nos negócios de Hunter com uma empresa de gás da Ucrânia, exatamente um país onde Joe Biden tinha uma atuação importante, por causa do conflito com a Rússia.

O primeiro impeachment de Trump foi justamente decorrente de um telefonema dele ao presidente ucraniano, Volodimir Zelenski, tentando coagi-lo a dar mais informações sobre o adversário eleitoral.

O impeachment não passou, mas também a conexão Hunter Biden não rendeu o que Trump almejava.

Mas o caso não acabou e novas revelações sobre o conteúdo do computador constrangem o presidente.

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A mais importante: em 15 de abril de 2015, Joe Biden foi a um jantar organizado pelo filho numa sala prive do Café Milano, um restaurante que se orgulha, com razão, de ser frequentado pelos poderosos de Washington.

Estavam presentes  homens de negócios da Ucrânia, da Rússia e do Cazaquistão – todos contatos de Hunter -, além do embaixador do México.

“Papai estará lá, mas que isso fique entre nós”, escreveu Hunter em e-mail a um interlocutor. O jantar seria para “tratar ostensivamente de segurança alimentar”, assunto que o filho superdotado também dominava, com contatos com o Programa Alimentar Mundial, órgão da ONU.

“Tratar ostensivamente”, todo mundo sabe, significa criar uma fachada respeitável para contatos mais polpudos. Ou disfarçar o favorecimento indevido.

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Que mal haveria em Joe Biden, mesmo tendo que seguir a liturgia do cargo de vice-presidente, fosse a um jantar com empresários estrangeiros?

Se o filho não estivesse envolvido, e os nomes fossem impolutos, nenhum.

Entre os presentes, estava um executivo da Burisma, a empresa ucraniana que pagava 80 mil dólares por mês pela honra de ter Hunter Biden  – e, acima de tudo, seu sobrenome – no conselho.

Também foram convidados o ex-prefeito de Moscou, o já falecido Yuri Luzhkov, e sua mulher, Yelena Baturina. Ela havia colocado 3,5 milhões de dólares no Rosemont Seneca, o fundo de investimentos administrado por Hunter e Devon Archer – o enteado de Kerry acabaria caindo fora, preocupado com as potenciais complicações da conexão ucraniana.

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Até que ponto isso pode comprometer o presidente? Por enquanto, muito pouco.

Joe Biden tem mantido uma imagem impecável até agora, inclusive por controlar as piadas e brincadeiras que deram margem, ao longo de sua carreira, a escorregões verbais complicados. 

Na média das pesquisas, tem 54,2% de aprovação. A vacinação em massa praticamente já controlou a pandemia e o tsunami de dinheiro público alimenta uma recuperação econômica tão pujante que o maior problema é o de aumento de preços por excesso de demanda. Ter inflação é quase uma bênção, nas circunstâncias atuais – no médio prazo, pode criar graves problemas.

Enquanto o país estiver se recuperando, a economia for bem e o presidente desfrutar de  popularidade positiva, um caso como o jantar que deveria “ficar entre nós” apenas confirma que Biden não foi exatamente sincero quando disse que jamais havia conversado sobre os negócios do filho.

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Mas Hunter – e seu computador abandonado – não vão desaparecer na paisagem. Suas declarações de rendimentos estão sendo investigadas, com extremo sigilo, e a oposição republicana não deixará negócios eventualmente nebulosos, se confirmados, passar em branco.

O New York Post, que está dando os furos sobre o caso, já que a imprensa mais tradicional continua a arrastar um bonde por Biden, revelou o teor de outro e-mail encontrado no computador: a remuneração de Hunter na Burisma foi cortada pela metade dois meses depois que Biden deixou a vice-presidência.

Devem estar arrependidos.

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