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“Como um cachorro”: o destino perfeito para um desgraçado

Ninguém esperaria que Trump fosse sóbrio ao anunciar a morte do líder do ISIS; felizmente, ele correspondeu a todas as expectativas

Por Vilma Gryzinski
27 out 2019, 14h09

Um teste simples e imediato para descobrir quem acha mais importante a fritura de Donald Trump do que a implosão de Abu Bakr al-Baghdadi: quem escrever que a morte do criador do Estado Islâmico “não muda nada”, está no primeiro time.

É claro que que o chefe de todos os terrorismos contemporâneos, acossado e escondido, já estava praticamente fora do jogo.

Com as grandes derrotas infligidas ao ISIS no território que, espantosamente, conquistou, da Síria ao Iraque, e o monitoramento constante que impediu qualquer tipo de comunicação não pessoal, o iraquiano barbudo tinha pouca margem de ação.

Mas como não considerar que um dia dificilmente pode começar de forma melhor do que saber que ele foi localizado, bombardeado e autoexplodido no fundo de um túnel, “como um cachorro”, na definição de Trump?

Se alguém acha que Trump faria a expressão compungida e sóbria de Barack Obama ao anunciar que Osama Bin Laden tinha sido morto numa operação de forças especiais no Paquistão, provavelmente passou os últimos três anos em outro planeta.

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Trump deitou e rolou. Baghdadi estava “chorando e gritando” ao se enfiar no túnel sem saída.

“Arrastou três de seus filhos pequenos com ele. Foram arrastados para a morte certa.”

“Foi acuado por cães. Acionou o colete (explosivo), matando a si mesmo e os três filhos.”

“Era um homem repulsivo e depravado e agora se foi. Era perverso e violento, e morreu de forma perversa e violenta, como um covarde fugindo e chorando.”

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Algo a acrescentar?

Ah, sim. Só um cão da equipe americana sofreu ferimentos.

Até Donald Trump deve saber que, para um muçulmano radical, morrer caçado por um cachorro, animal considerado impuro, acrescenta uma humilhação adicional.

 

Baghdadi, nome de guerra indicando sua procedência, Bagdá, como ficou comum entre os adeptos dos ISIS, tinha apenas 48 anos, apesar da barba branca tingida com hena, uma imitação do profeta Maomé.

Como Bin Laden, conseguiu escapar de seus inimigos – todos os países ocidentais, o regime sírio, o Irã, o Iraque, o Hezbollah, a Rússia e mais um punhado de grupos locais, para ficar nos mais importantes – durante quase uma década.

Não tinha a estatura do mentor do Onze de Setembro e foi ridicularizado por se proclamar o califa, ou líder de todos os muçulmanos, indo além das suas capacidades, e ainda por cima com um relógio de luxo no pulso.

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Mas com certeza teve uma influência enorme, primeiro sobre iraquianos sunitas perseguidos depois da intervenção americana que derrubou Saddam Hussein, e depois sobre desajustados, fanáticos, bandidos e assassinos de praticamente todos os países onde existem comunicadas muçulmanas.

Seu grito de guerra, em muitos sentidos similar ao de Bin Laden, com a diferença de que conquistou um “califado” do tamanho da Inglaterra, ecoou pelo mundo.

Não só a ralé radicalizada em prisões do Oriente Médio e da Europa, mas jovens e adultos com alto nível de instrução, engenheiros eletrônicos, médicos e outros profissionais qualificados, largaram tudo e foram combater em nome da instauração de um reinado perfeito, onde política e religião eram uma coisa só.

E. claro, podiam praticar as maiores atrocidades. Degolar jornalistas americanos e europeus, decapitar soldados sírios e iraquianos, massacrar cristãos dos dois países, destruir antiguidades pré-islâmicas, lançar homossexuais do alto de prédios, incinerar pessoas vivas, raptar e estuprar meninas e mulheres da minoria religiosa yazidi, a lista de horrores é interminável.

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Baghdadi teve um privilégio extra. Ganhou como “prêmio” a jovem americana Kayla Mueller, que tinha ido para a Síria na louca ilusão de ajudar vítimas da guerra.

Instalou Kayla na casa de um capanga, Abu Sayyad. Cada vez que passava por lá, estuprava-a.

A história foi contada pela mulher de Sayyad, capturada no conflito. Kayla morreu num bombardeio americano contra bases do ISIS. Tinha 26 anos.

A marca maldita de Baghdadi se estendeu pela Europa, onde todos os atentados terroristas praticados por muçulmanos radicais nos últimos anos tiveram origem na sua ideologia religiosa extremista.

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É uma ideologia recorrente, que não vai desaparecer por causa da morte de um líder.

Da mesma maneira, seria tolice imaginar que Trump, por mais que deseje, vá ser beneficiado a longo prazo pela operação que levou Baghdadi ao encontro das 72 virgens prometidas aos mártires.

Se houver motivos comprovados para um impeachment, Trump vai ser impichado, com ou sem Baghdadi.

Mas é um tipo de castigo perfeito ver uma praga das dimensões do pai do ISIS morto num túnel sem saída, com cachorros no encalço. E ainda por cima trolado por Trump.

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