Record vai à Justiça contra censura a sátira sobre Eduardo Cunha
Ação movida por ex-deputado federal proibiu distribuição do livro 'Diários da Cadeia', assinado pelo pseudônimo Eduardo Cunha

A editora Record entrou com recurso na Justiça para liberar a circulação do livro Diários da Cadeia – Com Trechos da Obra Inédita Impeachment, narrado por um personagem fictício chamado Eduardo Cunha — o mesmo nome do ex-presidente da Câmara dos Deputados, cujo mandato foi cassado e que, atualmente, está preso. Em nota, a editora esclareceu que a publicação não é uma autobiografia, mas uma obra de ficção assinada por um pseudônimo — quando o verdadeiro autor usa um nome falso para encobrir a sua identidade real.
A pedido do Eduardo Cunha real, a obra teve a sua distribuição proibida pela 13ª Vara Cível de Brasília, sob pena diária de 400 000 reais à Record, em caso de descumprimento. Segundo a juíza responsável pelo caso, Ledir Dias de Araújo, há evidências de que a obra tenta iludir o leitor sobre a sua verdadeira autoria. “A própria capa do livro nos leva a pensar que o mesmo foi escrito pelo autor da ação, uma vez que é ele quem se encontra recluso, não sendo crível que o pseudônimo também se encontre recluso a justificar o título escolhido para o livro”, destacou a magistrada. Vale lembrar, no entanto, que a palavra “pseudônimo” aparece já na capa da obra.
Segundo a Record, o livro está registrado como um romance e foi indexado pelas livrarias como uma obra de ficção. A editora encarou a medida como “censura”, e promete lutar “pela democracia” e “pelos autores” da casa até os últimos recursos.