O comprador que pede para melhorar a proposta aumentando o preço da vacina
Roberto Dias não aceitou pagar mais barato por vacinas. Queria pagar mais caro?

Deve entrar para a crônica da corrupção em Brasília o diálogo do empresário Luiz Paulo Dominguetti Pereira com o então diretor de Logística do Ministério da Saúde, Roberto Ferreira Dias. Nesta quinta, 1, na CPI da Covid no Senado, Dominguetti deu detalhes inacreditáveis da conversa que teve com Dias em fevereiro deste ano.
Segundo o empresário, Dias começou dizendo que era preciso melhorar o valor de US$ 3,50 cobrado pela empresa Davati por cada dose da vacina da AstraZeneca contra a Covid. Ao dizer que teria que tentar um desconto, Dominguetti ouviu Dias dizer que queria, na verdade, majorar o preço em US$ 1 em cada dose.
“A conversa começou assim: olha, nós temos que melhorar esse valor. Aí, eu disse: mas eu tenho que tentar um desconto. E eles: não, mas é para cima, é para mais […] Aí se pediu acréscimo de um dólar por dose. Eu, já de imediato, já disse que não teria como fazer”, contou Dominguetti.
O empresário também destacou que Roberto Dias “sempre pôs o entrave no sentido de que se não houvesse a majoração não teria aquisição por parte do Ministério”.
É inacreditável que um comprador queira melhorar a proposta pagando mais alto por um produto. Roberto Dias tem muito a explicar sobre esse diálogo e a CPI deve ir a fundo para descobrir o que está por trás dessa estratégia surpreendente apresentada por um diretor do Ministério da Saúde.