Mudança do DOU pode tornar entrada de Weintraub nos EUA irregular
A correção da data da exoneração acabará sendo pior para o governo? O ex-ministro usou o passaporte diplomático quando não tinha mais esse direito
O Diário Oficial da União (DOU) publicou um decreto retificando a data da demissão de Abraham Weintraub do ministério da Educação. Ela foi corrigida do dia 20 para o dia 19 de junho. Com a mudança, publicada nesta terça-feira, 23, a exoneração de Weintraub deixa de se tornar oficial somente após o desembarque dele nos Estados Unidos, mas antes do político entrar no avião, na noite anterior.
A medida do governo acontece após o Ministério Público pedir que o Tribunal de Contas da União (TCU) apure se houve a atuação irregular do Itamaraty na viagem de Weintraub aos EUA, onde ele deverá assumir um alto posto no Banco Mundial.
O órgão investiga a utilização do passaporte diplomático no episódio, já que, com o documento vermelho, Weintraub não precisa passar pelas restrições exigidas a brasileiros pelo governo norte-americano por conta da pandemia do coronavírus.
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Clique e Assine“O uso desse tipo de passaporte teria objetivado, conforme algumas notícias divulgadas em diversos veículos de mídia, evitar uma quarentena obrigatória para entrada nos Estados Unidos, devido à pandemia da covid-19″, afirma o Ministério Público ao TCU. Após chegar nos EUA, Abraham Weintraub publicou algumas fotos em frente a lojas de fast-food. Se ele tivesse entrado com o passaporte normal, estaria em isolamento por 14 dias.
Fato é que, com a alteração no DOU, a maneira como Abraham Weintraub entrou nos Estados Unidos pode ser considerada irregular. O ex-ministro entrou com o documento diplomático que não poderia ter sido usado, dando a ele privilégios aos quais não tinha mais direito.
O ex-ministro da Educação é investigado por racismo após declarações contra o governo chinês e por ameaças a magistrados do Supremo Tribunal Federal (STF) – já que defendeu a prisão de todos os seus membros na reunião ministerial do dia 22 de abril.
Esta é a segunda vez que o governo faz um arremedo no Diário Oficial da União na esteira de demissões polêmicas. A primeira vez aconteceu na exoneração do ex-diretor-geral da Polícia Federal Maurício Valeixo.