Bolsonaro insiste em brigar, mesmo sem munição
Presidente não desiste de falar em fraude nas eleições e culpar STF por falta de ação na pandemia
O presidente Jair Bolsonaro não desiste. Mesmo sem munição, sem fatos novos e sem comprovação alguma, ele continua levantando a hipótese de fraude nas urnas eleitorais e afirma que o Supremo Tribunal Federal (STF) deu mais poderes aos governadores e prefeitos no combate à pandemia do coronavírus.
Nesta quarta, 28, numa reação inesperada, o STF divulgou vídeo dizendo que o órgão “não proibiu o governo federal de agir na pandemia” e destacou que “uma mentira contada mil vezes não vira verdade”. A Suprema Corte sempre soltou notas para esclarecer dúvidas sobre a atuação de seus ministros. Dessa vez, no entanto, decidiu usar uma mídia mais forte para afirmar que o presidente mente repetidas vezes sobre o assunto.
A verdade é que Bolsonaro tenta justificar seu fracasso na administração do país durante a pandemia dizendo que foi impedido de agir. Segundo ele, o STF deu mais poderes aos estados e municípios do que ao governo federal. A informação não procede. O governo falhou e precisa admitir isso.
Por coincidência, também na quarta, 28, a ONG Artigo 19 divulgou documento que aponta que Bolsonaro emitiu 1.682 declarações falsas ou enganosas só no ano de 2020. O número representa mais de quatro mentiras por dia.
Mesmo que a história não se sustente, Bolsonaro insiste em contar verdades que são só suas e de mais ninguém. O presidente promete que, nesta quinta, 29, durante sua transmissão ao vivo semanal, vai apresentar provas das fraudes nas últimas eleições. O discurso que vem sendo repetido há mais de um ano já perdeu credibilidade. Só deve acompanhar a transmissão o eleitor fiel de Bolsonaro. Os demais brasileiros não acreditam que o presidente realmente tenha algo importante a apresentar.
Sem argumentos e sem munição, Bolsonaro insiste em uma briga velha que já cansou. O próprio Supremo Tribunal Federal – e outras instituições – demonstra cansaço com as atitudes do presidente e decidiu agir mais uma vez na tentativa de acabar com os rumores levantados pelo governo.