A estratégia de Alcolumbre que tira o sono de Bolsonaro e evangélicos
Senador reage aos ataques e não cede aos caprichos do presidente e da bancada gospel
Mais uma vez, as declarações explosivas do presidente Jair Bolsonaro atrapalharam seus planos em vez de ajudar.
Nesta semana, o presidente culpou o senador Davi Alcolumbre, presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado, pela demora em marcar a sabatina que vai analisar o nome de André Mendonça para o cargo de Ministro do Supremo Tribunal Federal (STF).
A fala de Bolsonaro irritou Alcolumbre e motivou o senador a emitir uma nota à imprensa se defendendo dos ataques que estaria recebendo. “Não aceitarei ser ameaçado, intimidado, perseguido ou chantageado com o aval ou a participação de quem quer que seja”, escreveu o senador.
Motivados pela rebeldia do presidente da República, evangélicos que já estavam se sentindo traídos com a demora do Senado em aprovar o nome de Mendonça, intensificaram os ataques a Alcolumbre. Uma atitude típica de quem segue Bolsonaro e se espelha em sua postura ofensiva.
“Tenho sofrido agressões de toda ordem. Agridem minha religião, acusam-me de intolerância religiosa, atacam minha família, acusam-me de interesses pessoais fantasiosos. Querem transformar a legítima autonomia do presidente da CCJ em ato político e guerra religiosa”, afirma Alcolumbre.
A nota do senador é forte e mostra que ele não vai ser intimidado pelo que Bolsonaro fala em público. O ex-presidente do Senado deixou claro que não vai apressar a pauta para ceder ao que Bolsonaro quer.
Nos bastidores, o movimento de Alcolumbre é visto por alguns como uma estratégia. O senador estaria tentando adiar ao máximo a sabatina para que a indicação perca a validade e o novo ministro do STF seja indicado pelo próximo presidente da República.
Isso aconteceu nos Estados Unidos, mas é uma manobra arriscada, afinal 2023 está bem longe. Alcolumbre não deve conseguir atrasar tanto a decisão, mas pode conseguir que Bolsonaro indique outro nome e assuma a derrota em relação a André Mendonça.
Davi Alcolumbre mostra que está pessoalmente ofendido com os ataques e não parece disposto a colaborar com Bolsonaro. Mais uma vez, o caminho do presidente fica difícil por causa de seu comportamento agressivo e de sua falta de capacidade de lidar de forma amigável com as autoridade que trabalham pelo país.