O recuo da oposição e do bolsonarismo deixará as ruas vazias no dia 15
Tanto a oposição quanto os bolsonaristas planejavam ir às ruas no dia 15 de novembro, mas desisitram; esquerda vai se concentrar no Dia da Consciência Negra
Grupos de oposição e governistas cancelaram as manifestações que haviam sido anunciadas para o feriado de Proclamação da República, na próxima segunda-feira, 15, contra e a favor do presidente Jair Bolsonaro.
O anúncio da oposição havia sido feito no dia 2 de outubro, quando houve protestos pelo país reunindo a maior coalização até agora contra o presidente: além da participação tradicional de centrais sindicais e partidos de esquerda, as manifestações reuniram representantes de legendas como PDT — incluindo o presidenciável Ciro Gomes –, Rede e Cidadania, numa esboço de frente ampla que ganhou o nome de “Direitos Já”.
Mas já na metade de outubro começaram a surgir os primeiros indícios de que o novo ato não ocorreria em 15 de novembro. Um dos motivos é que os grupos e movimentos de esquerda achavam muito difícil fazer uma mobilização no Dia da Proclamação da República e, cinco dias depois, liderar os protestos do Dia da Consciência Negra, que ocorrem tradicionalmente no feriado de 20 de novembro.
Mas o grupo chamado “Direitos Já” ainda insistia no ato de 15 de novembro, que acabou virando pó. Agora, esse grupo decidiu organizar uma nova manifestação nacional somente no início de 2022. “Ainda iremos nos reunir para definir”, afirma o coordenador Fernando Guimarães.
No campo da esquerda, a opção foi levar o mote “Fora Bolsonaro” para a mobilização do Dia da Consciência Negra. A manifestação é organizada pela Frente Povo Sem Medo e deve contar com a participação de partidos políticos e movimentos sociais.
Pró-Bolsonaro
Já entre os governistas, a expectativa era repetir no Dia da Proclamação da República os atos de apoio a Bolsonaro realizados em outra data patriótica, o feriado de 7 de Setembro, mas a mobilização esfriou. Os atos do Dia da Independência, que foram realizados em várias capitais e tiveram a presença de Bolsonaro em Brasília e São Paulo, marcaram o ponto mais alto da escalada de tensão entre o presidente o Judiciário. Em discurso na Avenida Paulista, onde reuniu 125 mil pessoas, Bolsonaro fez ataques diretos ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), e disse à multidão de apoiadores que não respeitaria mais qualquer decisão que partisse do integrante da Suprema Corte.
Bolsonaro, no entanto, recuou depois e amenizou o discurso. A nova postura do presidente acabou esfriando os ânimos dos radicais bolsonaristas e diminuiu ainda mais a possibilidade de prosperar algum pedido de impeachment na Câmara, onde o presidente Arthur Lira (PP-AL) já deixou claro que não dará aval para a discussão avançar.