Ministros do STF avaliaram que era hora de resposta enfática a Bolsonaro
Presidente voltou a apontar — sem provas — fraudes nas eleições e ofendeu Barroso; TSE alertou para "crime de responsabilidade"
Os adjetivos usados pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido) para atacar Luís Roberto Barroso, presidente do Tribunal Superior Eleitoral, e as ameaças de que não vai ter eleição em 2022 repercutiram negativamente também dentro do Supremo Tribunal Federal (STF).
Integrantes do STF conversaram nesta manhã e avaliaram que era hora de haver uma resposta enfática do TSE às investidas feitas pelo presidente. Bolsonaro vem subindo o tom nos últimos dias, colocando sob suspeita as urnas eletrônicas, sem apresentar provas.
À tarde, o ministro Barroso divulgou nota em que relembra que o presidente não respondeu a um pedido para apresentar provas de fraude no pleito de 2018, vencido por Bolsonaro, e manda um recado: “Qualquer atuação no sentido de impedir a sua ocorrência viola princípios constitucionais e configura crime de responsabilidade”, conclui.
O TSE é sempre presidido por um ministro do Supremo, em esquema de rodízio. Durante as eleições do ano que vem, será a vez do ministro Alexandre de Moraes. A nota de Barroso também diz que a “a acusação leviana de fraude no processo eleitoral é ofensiva a todos” que participaram da organização das eleições de 2014 para cá – Dias Toffoli, Gilmar Mendes, Luiz Fux, Rosa Weber.
Dirigindo-se a apoiadores na manhã desta sexta-feira, 9, Bolsonaro afirmou haver fraude nas eleições, cometida no próprio tribunal, e chamou Barroso de “idiota” e “imbecil” por se opor ao voto impresso.
O movimento do presidente vem ao mesmo tempo que as pesquisas mostram Lula na frente na disputa de 2022. Segundo pesquisa recente CNT/MDA, Bolsonaro é avaliado como ruim e péssimo por 48% dos entrevistados e 63% desaprovam sua gestão. O mesmo levantamento coloca o petista com 15 pontos de vantagem, em relação ao atual mandatário, nas intenções de voto.
“A fraude está no TSE, para não ter dúvida. Isso foi feito em 2014”, disse Bolsonaro nesta sexta-feira, sugerindo que Aécio Neves (PSDB) venceu a eleição contra a ex-presidente Dilma Rousseff (PT). A acusação infundada já foi descartada pelo próprio PSDB.