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Por José Benedito da Silva
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Ex-braço direito de Pazuello quer permissão do STF para poder faltar à CPI

Defesa de Airton Cascavel afirma que ele é claramente investigado pela comissão e não pode ser obrigado a produzir provas contra si

Por João Pedroso de Campos Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO , Eduardo Gonçalves Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 4 ago 2021, 16h43 - Publicado em 4 ago 2021, 12h37

Braço-direito do ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello durante sua gestão no governo Bolsonaro, o empresário Airton Antônio Soligo, conhecido como Airton Cascavel, quer do Supremo Tribunal Federal um salvo-conduto para faltar a seu depoimento na CPI da Pandemia. Cascavel está convocado a comparecer à comissão no Senado nesta quinta-feira, 5. O pedido será decidido pelo ministro Gilmar Mendes.

A defesa de Cascavel quer que ele não seja obrigado a comparecer ou, caso compareça, não tenha a obrigação de responder às perguntas e se comprometer a dizer a verdade, sem poder sofrer “constrangimentos físicos ou morais” caso exercite esses direitos. A argumentação é a de que a convocação de Cascavel não informa se ele será ouvido na condição de testemunha ou investigado.

Os advogados apontam, no entanto, estar claro que o ex-assessor de Pazuello é tratado pela CPI como “pessoa ostensivamente investigada na espécie” e, por isso, não pode ser obrigado a produzir provas contra si. A conclusão dos defensores se dá a partir dos fundamentos dos requerimentos de convocação aprovados pela comissão. Entre outros pontos, eles citam o papel de protagonismo Cascavel na crise do Amazonas, no início do ano, e na atuação na distribuição de recursos a estados e municípios.

Depois de um período trabalhando no ministério extraoficialmente, ou seja, sem estar nomeado, Airton Cascavel assumiu o cargo de assessor especial de Pazuello em junho de 2020. Prefeitos e governadores viam nele um homem-forte da gestão do general.

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Após ser exonerado da pasta, Cascavel assumiu a Secretaria de Saúde de Roraima, na gestão do governador bolsonarista Antonio Denarium (sem partido). Ele deixou o cargo em 20 de julho, sob a justificativa oficial de que havia sido contaminado pela segunda vez pela Covid-19 e possui comorbidades. Dias antes, a Procuradoria da República no Distrito Federal apresentou à CPI uma notícia de fato contra Pazuello por “colocar empresário Airton Soligo, conhecido como Cascavel e sem vínculo com o Governo Federal, para negociar em nome da pasta que comanda”.

‘Ministro de fato’

Como mostrou reportagem de VEJA em março, na opinião da maioria dos gestores estaduais e municipais, Cascavel era o “ministro de fato” da pasta. Da estrita confiança de Pazuello, era ele quem “desenrolava” a maior parte das pendências burocráticas e demandas logísticas com os estados e municípios, como entrega de respiradores, lotes de vacina, equipamentos para leitos de UTI, negociações com laboratórios etc. “Ele era o sustentáculo da pasta, era o que resolvia tudo. Quando a gente tinha algum problema, o Pazuello mandava falar com ele”, descreveu um secretário estadual.

Apesar do saldo negativo, Cascavel é tido como responsável por pelo menos um acerto: o de resolver em dezembro de 2020 o imbróglio entre o ministério da Saúde e o Instituto Butantan na compra e distribuição da CoronaVac, a vacina mais aplicada hoje no Brasil. Cascavel foi pessoalmente a São Paulo para destravar a negociação com o presidente do Instituto, Dimas Covas, e colocar panos quentes na briga entre o presidente Jair Bolsonaro e o governador  João Doria.

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Em março, quando o ministério se dividiu entre dois “ministros” (Eduardo Pazuello e Marcelo Queiroga), coube a Cascavel dar a melhor notícia da pasta. “Hoje é um dia histórico para o Brasil e os brasileiros. A Fiocruz entrega o seu primeiro lote de 1 milhão de doses, produzidas em território nacional. Essa foi uma aposta do governo há um ano atrás. A partir de agora, serão produzidas aqui no Rio de Janeiro 6 milhões de doses semanais – ou seja, 24 milhões de brasileiros a cada mês serão vacinados com a nossa vacina”, anunciou ele, em vídeo divulgado no perfil do presidente Jair Bolsonaro nesta sexta-feira, dia 19.

Antes de se aventurar na Esplanada, Cascavel era descrito por colunas sociais de Roraima como um dos empreendedores mais promissores da região Norte – ele nasceu em Capenema, no interior do Paraná, mas se estabeleceu na região da Amazônia como assessor da diretoria da empresa de ônibus União Cascavel (daí o apelido). A partir daí, ascendeu na carreira como empresário e político simultaneamente – foi  proprietário de fazendas, empresa de polpa de frutas e alimentação, franquias em shoppings em Boa Vista e Manaus e dois moteis. No campo político, elegeu-se prefeito de Mucajaí (RR) aos 24 anos, depois deputado estadual, chegando ao posto de presidente da Assembleia de Legislativa de Roraima, vice-governador e, por último, deputado federal.

Em 2019, o governador de Roraima tentou nomeá-lo para a presidência da Fundação Estadual do Meio Ambiente, mas o seu nome foi rejeitado pela Assembleia Legislativa. Ele teve mais êxito ajudando o general Eduardo Pazuello na Operação Acolhida, que levava imigrantes venezuelanos “presos” em Pacaraima (RR) para outros estados. E dessa estreita relação com o militar Cascavel acabou alçando ao posto de assessor especial do ministério da Saúde durante a maior crise sanitária da história do país.

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