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Por José Benedito da Silva Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO
A política e seus bastidores. Com Laísa Dall'Agnol, Victoria Bechara, Bruno Caniato, Valmar Hupsel Filho, Isabella Alonso Panho e Ramiro Brites. Este conteúdo é exclusivo para assinantes.

Com quem Lula se encontrou e o que defendeu em sua turnê pela Europa

Petista foi recebido pelo presidente francês Emmanuel Macron e o futuro chanceler alemão Olaf Schulz, criticou Bolsonaro e pediu uma nova governança global

Por Leonardo Lellis Atualizado em 19 nov 2021, 07h51 - Publicado em 18 nov 2021, 07h00

Na Europa desde a última quinta-feira, 11, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tem realizado uma série de encontros com lideranças do continente. A agenda inclui o presidente da França, Emmanuel Macron, o futuro chanceler alemão Olaf Schulz, a prefeita de Paris, Anne Hidalgo, que disputará as eleições presidenciais francesas, o ex-premiê da Espanha José Luís Zapatero e o prêmio Nobel de Economia em 2001, Joseph Stiglitz. Na Espanha, o petista se encontra com o atual premiê espanhol, Pedro Sánchez.

Em Madri, Lula participou na quinta, 18, da abertura de um seminário de cooperação multilateral e recuperação em um cenário pós-Covid-19 e defendeu a quebra de patentes de vacinas para ampliar a igualdade no acesso aos imunizantes. “Reconstruir o mundo pós-covid significa, portanto, dizer que a vida é o bem mais precioso que existe, e que a propriedade intelectual, que enriquece uma minoria, não pode estar acima da sobrevivência de toda a humanidade”.

Em Paris, o ex-presidente foi recebido no Palácio do Eliseu com honras de chefe de Estado por Macron — desafeto de Jair Bolsonaro (sem partido). Ao francês, Lula defendeu uma nova governança global e discutiu ameaças à democracia e aos direitos humanos. Em nota, gabinete de Macron disse que Lula compartilhou sua visão sobre o papel do Brasil no mundo e observou que o país “se apartou do sistema multilateral e de grandes acordos internacionais”. Ainda na quarta,o petista recebeu um prêmio da revista Politique Internacionale.

Na terça-feira, Lula almoçou com Hidalgo e deu uma palestra no Instituto de Estudos Políticos de Paris (Sciences Po).  Lula já havia se encontrado com Hidalgo em março de 2020, para receber o título de cidadão honorário de Paris, que havia sido concedido pela Câmara Municipal em outubro de 2019, quando o petista ainda estava preso em Curitiba — um mês depois, ele foi solto.

Na segunda-feira, em Bruxelas (Bélgica), o petista participou de uma conferência no Parlamento Europeu promovida pelo bloco social-democrata, onde foi aplaudido. Reuniu-se com o José Luís Zapatero, contemporâneo de Lula na presidência enquanto chefiou o governo da Espanha entre 2004 e 2011. O evento também teve a participação de Claudia Nayibe López Hernández, prefeita de Bogotá (Colômbia).

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Em seu périplo pelo continente, o petista também se reuniu com Josep Borrell Fontelles, responsável por coordenar as relações exteriores da União Europeia, e o alemão Olaf Scholz, que venceu as eleições do país pelo partido social-democrata. “Espero continuar nosso diálogo”, escreveu no Twitter o político que irá substituir Angela Merkel no comando da Alemanha a partir do ano que vem.

Lula com o futuro chanceler alemão Olaf Scholz
Lula com o futuro chanceler alemão Olaf Scholz (Ricardo Stuckert/Divulgação)

Ainda na Alemanha, Lula se encontrou com Martin Shulz, ex-presidente do Parlamento Europeu e que visitou o petista na prisão em Curitiba, em 2018, Antes, Lula havia se encontrado com sindicalistas alemães. Depois da França, seu próximo compromisso é na Espanha, a partir de quinta-feira, 18.

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Protagonismo mundial

O ex-presidente tem falado sobre o Brasil, mas principalmente sobre temas mundiais, como o combate ao aquecimento global. Sinalizou com a preservação da floresta amazônica, mas fez uma cobrança para que países ricos cumpram o compromisso assumido em 2009 para aumentar para 100 bilhões de dólares ao ano, a partir de 2020, a contrapartida para nações em desenvolvimento preservarem a natureza.

Lula defendeu várias vezes também a necessidade de se reorganizar as estruturas e os fóruns de governança global após a pandemia. “Como ocorreu depois de outras grandes crises, é necessário reconstruir as instituições internacionais sobre novas bases. Não podemos continuar governados pelo sistema criado após a Segunda Guerra Mundial”, disse.

Ele também afirmou que o Brasil deixará de ser um ator coadjuvante no cenário internacional, como, afirma, tem ocorrido no governo Jair Bolsonaro. “Estou procurando o restabelecimento da credibilidade que o Brasil já teve junto ao mundo (…). Entre 2003 e 2015 (nas gestões petistas), o Brasil era protagonista internacional, atuante na Organização Mundial do Comércio, na Organização Mundial da Saúde, na questão ambiental. O Brasil participou ativamente de todos os fóruns multilaterais porque acreditava na existência desses fóruns. Hoje o Brasil está afastado, não participa de nada”, lamentou. “Não somos convidados para nada, ninguém quer visitar o Brasil”.

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Lula também defendeu a importância de parcerias com a União Europeia e um “comércio mais saudável” com os Estados Unidos e a China.

Governo Bolsonaro

Lula disse também que “o Brasil precisa retornar à normalidade ética e democrática” e “voltar ao caminho da inclusão e da justiça social”. “Uma nova inserção do Brasil no cenário mundial passa, necessariamente, pela reconstrução do país, num processo de eleições democráticas e verdadeiramente livres, sem fake news, diferentemente do que ocorreu em 2018”, afirmou.

Ele atacou a gestão Bolsonaro em várias frentes além da atuação na pandemia. Disse, por exemplo, que o governo “corrói as finanças públicas e destrói setores da economia essenciais, como os de engenharia, óleo e gás”para transformar o Brasil “numa economia onde apenas especuladores e oportunistas obtêm benefícios”, disse. “O resultado é que, em apenas cinco anos, os trabalhadores perderam direitos fundamentais, o desemprego e o custo de vida explodiram, programas sociais foram abandonados ou descontinuados. A fome voltou ao cotidiano das famílias”, afirmou.

 

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