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Por José Benedito da Silva
A política e seus bastidores. Com Laísa Dall'Agnol, Victoria Bechara, Bruno Caniato, Valmar Hupsel Filho, Isabella Alonso Panho e Adriana Ferraz. Este conteúdo é exclusivo para assinantes.
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Com PSB mais forte, Márcio França é contra aliança ‘automática’ com o PT

Ex-governador pede ‘requalificação’ da relação para apoiar Lula, diz que tem acordo com Alckmin para eleição em SP e explica o reality show que irá comandar

Por Tulio Kruse Atualizado em 26 out 2021, 15h03 - Publicado em 26 out 2021, 14h47

Ex-governador de São Paulo e pré-candidato à eleição estadual, Márcio França (PSB) tem feito oposição a uma aliança automática do seu partido com o PT do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Ao longo do último ano, o PSB filiou nomes de peso como o governador do Maranhão, Flávio Dino, os deputados federais Marcelo Freixo e Tabata Amaral, e França defende que o partido já não pode ser apenas linha auxiliar dos petistas, como foi no passado. “Ou a gente requalifica a relação com o PT ou, na minha visão, não haverá coligação”, afirma.

Em entrevista a VEJA, o ex-governador falou também do seu acordo com Geraldo Alckmin – com quem não descarta uma reedição da parceria que já levou a dupla ao governo paulista, mas diz que o tucano não impõe a condição de ser o cabeça de chapa–, da sua rixa com o governador João Doria (PSDB), com quem disputou o segundo turno em 2018, e o reality show em que vai selecionar novos talentos da política, com gravações agendadas para novembro.

No Nordeste, o PSB tem proximidade com o PT, mas aqui em São Paulo há essa forte aliança com uma ala do PSDB ligada a Alckmin. Como o partido vai se comportar no ano que vem? O PSB teve um crescimento recente muito importante, agregou figuras novas. O partido não tem uma decisão tomada. O ideal, e o Eduardo (Campos, ex-governador de Pernambuco) morreu por isso, era que nós tivéssemos a nossa candidatura a presidente. Nós vamos tentar até o final achar a chave que abre essa porta, mas a gente sabe que há limitações. Se não tiver isso, da Bahia para cima há uma tendência sempre mais pró-Lula, e para baixo há alguma dificuldade, que pode ser superada. Para ser superada, evidentemente que nós não somos mais aquele PSB de antigamente. Com três governadores, com muitos deputados e com muitos quadros importantes, ou a gente requalifica a relação com o PT ou, na minha visão, não haverá coligação. Nada impede algumas pessoas de apoiarem o Lula, enfim. Nesse caso, nós vamos como a maioria dos partidos grandes: vamos sozinhos, cada um sai do seu jeito. Na nossa estrutura interna, com os delegados estaduais e municipais que seguem a proporção da eleição passada, 30% da força está em São Paulo, 30% em Pernambuco, e 40% é o restante do país. Isso significa que quando São Paulo e Pernambuco estão juntos, a gente constrói maioria. Se estiverem separados, vira uma loteria. Agora, por exemplo, nós criamos uma boa relação com o Ciro Gomes (PDT). O Ciro foi muito correto, já foi do nosso partido, o PDT tem bastante a ver com a gente. Uma eventual junção nossa com o PDT nos coloca com o Ciro no tamanho numérico do PT, em termos de deputados e televisão – o que vale aí é a TV, o espaço publicitário. Então, é claro que ter uma formação do tamanho do PT é o sonho para todo mundo.

“Com três governadores, com muitos deputados e com muitos quadros importantes, ou a gente requalifica a relação com o PT ou, na minha visão, não haverá coligação”

Essa conversa está em andamento, a sério, com o PDT? Está. Sempre esteve, temos uma boa relação. O Alckmin, aqui em São Paulo, é o grande coringa nessa história. Ele é a única figura pública brasileira de grande importância que ainda não está definida. Ele tem características que o poderiam colocar para cá ou para lá, mas ele teve mais de 50 milhões de votos, foi governador quatro vezes. A decisão dele poderá ajudar bastante a decisão nacional. Onde ele entra eleitoralmente? No perfil mais conservador, no interior de São Paulo, no norte do Paraná, sul de Minas Gerais. Tem cidade no Rio Grande do Sul onde ele fez 85% na eleição para presidente. Ele é um sujeito diferente. A decisão dele pode pesar na eleição nacional inteira se ele se movimentar corretamente.

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O senhor é pré-candidato a governador de São Paulo. Como estão as conversas para isso acontecer? Eu fiz um acordo com o governador Alckmin para nós sairmos juntos. Como ele já foi governador quatro vezes, as pessoas naturalmente subentendem que eu vou ser candidato a vice dele. É um subentendimento natural, que é totalmente lógico e possível. Mas ele não decidiu. As pessoas vão se surpreender com o Alckmin, ele não se decidiu a que sairá nem com quem ele sairá. Ele é um homem muito humilde, ele pode surpreender muita gente fazendo um movimento que outras pessoas deveriam fazer e não fazem, que é abrir mão das coisas em prol de quem tem maior chance. Mas tudo isso é mais para a frente. Eu posso te garantir que o Alckmin candidato a presidente da República tem quatro vezes (a intenção de voto) do Doria em São Paulo, por exemplo. Ele não é uma coisa qualquer. E o Doria faz muito mais estardalhaço que o Alckmin, do ponto de vista publicitário. Esses são capítulos para a frente, a gente não consegue antecipar porque o Alckmin é uma pessoa bem cadenciada, ele é homeopático. Ele é a ficha número sete da fundação do PSDB, naturalmente ele não imaginava, nessa idade, ter que mudar de partido.

Qual sua aposta para o resultado das prévias do PSDB? Na minha cabeça, o Doria não tinha nenhuma chance de perder, porque o governo de São Paulo é muito poderoso. Mas ele é tão ruim que é capaz de conseguir perder. Se perder, vai voltar a disputar o governo de São Paulo. Ele vai dizer que vai ser candidato para evitar que o ‘Márcio Cuba’ chegue à eleição, ele é muito cara-de-pau. Quando você testa ele para governador, ele tem 20 pontos, por exemplo. Para presidente ele tem quatro ou cinco. Então ele vai ser meio que empurrado para a eleição de governador.

Como será o reality show que o senhor vai apresentar? Eu, inicialmente, tinha pensado num reality show colocando os políticos dentro de uma casa. Nós evoluímos dessa primeira concepção até essa última. E ficou um resultado muito bacana, juntamos doze jovens da capital, colocamos em dois grupos. Temos três jurados, um teatro, e filmamos tudo. Os grupos recebem um determinado tema, e sorteamos quem faz a defesa e quem é contra. No fim das contas, é mais ou menos isso que acontece no Parlamento. As pessoas pensam que os parlamentares são induzidos a votar como pensam seus eleitores, seu partido. Nem sempre o parlamentar reage exatamente como gostaria de reagir. Então no programa testamos a capacidade que cada um teria de produzir uma defesa para determinada tese. Os jurados definem qual dos dois grupos foi vencedor, até chegarmos aos finalistas. Para cada um desses rapazes e moças inscritos, nós estamos oferecendo uma dessas bolsas da Faculdade Miguel Arraes (mantida pela Fundação João Mangabeira, do PSB), de técnico em administração pública. Estou selecionando os jurados. Convidei o Alckmin, a Tabata, e vou convidar pessoas antagônicas em posições ideológicas.

Sua função vai ser só de apresentador? Não vai orientar os candidatos, dar dicas de política? Sabe o formato de O Aprendiz? Quer dizer, eu sou apresentador mas na hora em que falo, também acabo expressando um pouco das minhas opiniões. Quando eu escolho uma pessoa, também estou escolhendo a maneira como a pessoa se comportou. A gente fica com eles o dia todo, então a análise não é só baseada na apresentação. A tentativa é dizer quem tem mais vocação para poder ter uma carreira política, quem se daria melhor. Nem sempre está vinculado a quem tem mais conhecimento técnico. Pode acontecer, por exemplo, de alguém ter mais inteligência emocional.

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