A guerra sem fim no partido que pode abrigar Bolsonaro
Presidente do Patriota, Adilson Barroso anulou chamamento de convenção feito pelo seu vice para resolver imbróglio da filiação de Bolsonaro
Em mais um capítulo da guerra interna do Patriota para filiar o presidente Jair Bolsonaro, o presidente da legenda, Adilson Barroso, anulou o chamamento para uma convenção marcada pelo seu vice, Ovasco Resende, para o dia 24 de junho a pedido da Comissão Executiva Nacional e do Diretório Nacional. O cancelamento foi publicado no Diário Oficial da União (DOU) nesta sexta-feira, 18, em comunicado assinado pelo próprio Barroso.
Na pauta do encontro partidário estavam previstas deliberações sobre “possíveis sanções e consequências” contra Barroso e ainda definições sobre mudanças no estatuto do partido, a fim de resolver o imbróglio que começou em reunião que formalizou a filiação do senador Flávio Bolsonaro (RJ), no dia 31 de maio. Na ocasião, Flávio entrou para o quadro de filiados ao Patriota por meio do que a ala de opositores a Barroso acredita ter sido uma manobra para mudar o estatuto da sigla e enfraquecer o bloco liderado por Resende.
O cancelamento ocorre dois dias após a convocação feita pelo vice-presidente do partido, que já chama os sucessivos episódios de “festival de erros e nulidades”. “Isso vai ser tudo anulado, não tem respaldo nenhum. Nós não sabemos onde eles querem chegar com isso. É totalmente fora do cabimento”, afirmou Resende a VEJA.
Em outro comunicado, que também foi publicado nesta sexta-feira no DOU, Barroso marcou nova convenção para o dia 22 de junho, um dia depois de outra que ele já havia marcado para ocorrer no dia 21. Procurado pela reportagem, o líder partidário disse que a tentativa é de haver consenso. “Enquanto vamos tentando um consenso entre os patriotas, vamos marcando as convenção (sic) pois de (sic) haver consenso, não perderemos mais tempo”, escreveu Barroso por meio de mensagem.
Em nota devolutiva do dia 7 deste mês, o Cartório do 1º Ofício de notas do Distrito Federal apontou uma série de falhas na convenção do dia 31 que resultou na filiação de Flávio Bolsonaro. No documento, o órgão exigia que se verificasse a existência de quórum qualificado para deliberação de mudanças no estatuto do partido. Também foi solicitado que se informasse a relação de nomes que participaram da convenção virtualmente e votaram pela aprovação da reforma estatutária.
O Patriota vem nessa toada de desentendimentos internos desde o início do ano, quando o partido se dividiu em relação ao alinhamento com a família Bolsonaro. O racha dividiu os filiados aos antigos PEN (Partido Ecológico Nacional) e PRP (Partido Republicano Progressista) — foi a fusão das duas legendas que deu origem ao Patriota, em abril de 2018. A ala ligada ao vice-presidente, Ovasco Resende, diz que não se opõe à aproximação, mas à forma como ela está sendo feita.