A expectativa alta do PT em ter Lula frente a frente com Moro em 2022
Possibilidade de disputar a Presidência após filiação ao Podemos foi vista como boa notícia pela cúpula petista, que vê oportunidade para contestar ex-juiz

Confirmada a filiação de Sergio Moro ao Podemos nesta quarta-feira, 10, a cúpula petista ficou animada com a possibilidade de o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva ficar frente a frente com ex-juiz da Operação Lava Jato em Curitiba nos debates presidenciais das eleições de 2022. Até hoje, os dois só ficaram frente a frente com o petista na condição de réu por corrupção passiva e lavagem de dinheiro, crimes pelos quais foi condenado por Moro e que o levaram a ficar 580 dias na prisão.
Entre os caciques do partido, a avaliação é a de que será uma oportunidade para desmascarar a “atuação política” do ex-magistrado na condução das investigações da força-tarefa e mostrar que o objetivo foi sempre o de criminalizar a política.
“O Moro nunca participou de nenhum debate ou entrevista e, na verdade, eu acho que ele nem chega às eleições. Ele não tem preparo e capacidade para isso”, afirma o deputado federal Paulo Pimenta (PT-RS). “Vai ser o maior 171 da história do Brasil”, completa o parlamentar, fazendo referência ao crime de estelionato, quando um indivíduo induz alguém a uma falsa concepção de algo com o intuito de obter vantagem ilícita para si ou para outros.
Para o governador do Piauí, Wellington Dias (PT), a entrada definitiva de Moro para a política também foi vista como uma boa notícia no partido. “O ex-ministro, sendo candidato, fora da toga e dos gabinetes, vai perceber que tem um mundo real, fora da capa dos marqueteiros e vai ver que quem manda em eleição é sua excelência: o povo”, disse. A avaliação é a mesma do deputado federal Paulo Teixeira (PT-SP) “Moro candidato será bem- vindo. Será a oportunidade para demonstrar ao povo brasileiro a farsa da Lava Jato.”
O movimento do ex-juiz e ex-ministro da Justiça, no entanto, já era previsível e não causou nenhum tipo de surpresa no PT. “Moro pode ser candidato, mas nosso real adversário agora é Bolsonaro”, afirma o senador Humberto Costa (PT-PE).
Ex-juiz da Lava-Jato em Curitiba, Moro deixou a magistratura para ingressar no governo do presidente Jair Bolsonaro, então no PSL, em janeiro de 2019, logo no início da gestão. Ele assumiu a pasta da Justiça e Segurança Pública com a promessa de que seria um dos superministros da gestão e ficou no cargo até abril de 2020, quando pediu demissão fazendo acusações de que Bolsonaro teria interferido politicamente na Polícia Federal.