Pandemia: o dilema de esperar ou não para engravidar
A resposta depende de diversos fatores importantes, como a idade e a taxa de fertilidade
A pandemia do Novo Coronavírus, atualmente, marca uma ambivalência mundial: de um lado, a vacina oferece uma luz no fim do túnel para uma volta à vida normal; de outro, o número de casos volta a aumentar em todo o mundo – e com novas variantes do vírus Sars-Cov-2. Em meio a isso, muitas mulheres tentantes, ou seja, aquelas que desejam engravidar, enfrentam o dilema de esperar ou não para dar início à maternidade, por conta do medo da pandemia.
Essa é uma dúvida muito comum das pacientes. Já saíram muitas recomendações de Sociedades Médicas, e inclusive do Ministério da Saúde, considerando a vacinação em grávidas. Essa é uma tendência, na medida em que estudos mostram a produção de anticorpos em bebês.
Para resolver esse dilema de engravidar agora ou não, é recomendável a individualização, pois a resposta depende de vários fatores: se a mulher já é considerada infértil ou não, a idade dela, qual seria o prejuízo na fertilidade do futuro reprodutivo (se ela adiar de repente seis meses ou mais). Para algumas mulheres, esperar muito pode impactar demais no futuro reprodutivo.
Primeiro, temos que pensar naquelas mulheres que estão cogitando engravidar agora e naquelas que começaram a tentar há pouco tempo. Essas mulheres devem ser divididas entre aquelas que estão abaixo dos 35 anos e as que estão acima dessa idade – e também avaliar a reserva ovariana de cada uma, através de alguns exames.
Se elas tiverem um prognóstico favorável, ou seja, idade e reserva ovariana de acordo, elas podem aguardar uma melhora do período pandêmico. Mas, claro, se for um desejo muito forte pela gestação e a paciente não fizer parte de um grupo de risco, ela pode e deve engravidar agora, desde que continue a ter os cuidados para evitar a infecção.
Em relação às mulheres que já sofrem com infertilidade, ou seja, aquelas que já estão tentando engravidar há mais de um ano sem sucesso, são poucos os casos em que elas deveriam adiar a gestação. Já sabemos que o prognóstico de gravidez vai diminuindo bastante com o fator tempo e como elas já apresentam uma dificuldade pode ser que a espera de mais seis meses ou um ano possa afetar a chance de gravidez. Para mulheres, por exemplo, com endometriose, que sabemos que é uma doença evolutiva, pode não valer a pena ficar aguardando, se elas quiserem engravidar.
No caso das tentantes que já estão fazendo tratamento de fertilização in vitro, não valeria a pena adiar a gestação. O que pode ser feito também é a coleta dos óvulos e, se essas mulheres já tiverem embriões congelados, tomar a vacina e depois transferir. Temos visto um movimento mundial de crescimento em congelamento de óvulos ou embriões. Só que essa questão também depende da idade, porque não é uma garantia de gravidez depois da transferência dos embriões.
O mais correto é discutir a situação com médicos especialistas em Reprodução Humana para investigar as individualidades do casal e tomar a melhor e mais responsável decisão nesse momento em que o planejamento familiar encontra nuances que devem ser minuciosamente analisadas.