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Biópsias líquidas e o câncer de próstata

Artigo científico fornece dados sobre a identificação de tumores com biomarcadores para o tratamento do câncer de próstata

Por Marcelo Bendhack
2 jul 2021, 17h00

Talvez o exame de toque, o PSA e a biópsia com uma amostra de tecido ainda perdurem por muito tempo como necessárias para o diagnóstico, conduta médica e linha de tratamento para o câncer de próstata.

Hoje, em muitos casos, a biópsia de tecido pode ser determinante e é o principal método para diagnosticar o câncer de próstata, sobretudo quando há dúvidas após o toque e o PSA, hoje ainda ajudado pela ecografia e ressonância magnética.

O que se espera da medicina e da ciência é a evolução de padrões que auxiliem os profissionais da linha de frente nos cuidados com o paciente, a partir do diagnóstico, na tomada de decisão e no tratamento – muitas vezes longo e doloroso.

Algumas descobertas recentes têm colocado em perspectiva novos conhecimentos e alternativas para avaliar com mais precisão, bem como aplicações potenciais para acelerar o desenvolvimento de novas terapias e medicamentos.

Os estudos com biópsias líquidas à base de sangue (ou plasma) são uma das alternativas avançadas no momento, com algumas vantagens, sobretudo por se tratar de um procedimento minimamente invasivo.

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A estratificação genômica ou epigenômica por meio das biópsias líquidas à base de sangue pode impactar o tratamento do câncer de próstata. Para isso, utilizando-se de biomarcadores diagnósticos, prognósticos e preditivos que auxiliam na tomada de decisão clínica.

A heterogeneidade genômica temporal e espacial do câncer de próstata, juntamente com os desafios em adquirir biópsias de tecido metastático, dificultam a implementação de perfis moleculares baseados em tecidos na prática clínica de rotina.

A biópsia líquida surgiu como uma ferramenta prática para traçar o perfil da dinâmica do tumor ao longo do tempo, elucidando características que evoluem com a progressão do tumor. Neste sentido, com destaque para a relevância da epigenética e, não menos importante, também do genoma, do transcriptoma e do proteoma.

Os testes de biópsia líquida abrangem a análise de DNA, RNA e proteínas, que podem ser detectadas em células tumorais circulantes baseadas no sangue (CTCs), DNA tumoral circulante (ctDNA) e vesículas extracelulares (EVs) no Câncer de Próstata.

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As biópsias líquidas à base de sangue têm se mostrado promissoras no contexto de tumores localizados – como assinaturas diagnósticas, estratificações de risco e monitoramento da doença – e também na doença avançada – como biomarcadores de resposta, resistência e marcadores de prognóstico.

Avanços da medicina diagnóstica

A abordagem das biópsias líquidas à base de sangue para melhorar a tomada de decisão clínica segue a avaliação quantitativa e qualitativa dos traços de tumores que podem ser isolados de amostras de sangue de pacientes com câncer de próstata.  Esses traços de tumores podem conter células inteiras ou fragmentos de DNA, que fornecem informações sobre as características do tumor.

Esses testes têm acelerado o desenvolvimento da medicina, primeiro porque são minimamente invasivos, aprimoram as orientações do diagnóstico e ajudam a determinar o tipo mais preciso de tratamento para o paciente.

Há conceitos que ainda precisam ser melhor explorados para os testes com biópsia líquida, ao mesmo tempo que existem desafios para implementação de tais testes, uma vez que as pesquisas ainda são incipientes, com poucos grupos de cientistas plenamente familiarizados com a epigenética, por exemplo.

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Os biomarcadores baseados em biópsia líquida podem no futuro servir como indicadores iniciais em ensaios clínicos para acelerar o desenvolvimento de medicamentos, aumentar precisão do diagnóstico e, inexoravelmente, a decisão e o tratamento mais adequado para cada tipo de tumor e até mesmo para um único caso específico de paciente.

Uma demonstração disso foi apresentada recentemente por um grupo de pesquisadores que jogou mais luz para o campo da biópsia líquida, dos biomarcadores e, certamente da epigenética. No artigo, publicado na revista European Urology (Quantitative and Qualitative Analysis of Blood-based Liquid Biopsies to Inform Clinical Decision-making in Prostate Cancer), Arnulf Stenzl, chefe do departamento de urologia da Universidade de Tübingen (Alemanha), e colegas fornecem dados mais robustos sobre a identificação de tumores com biomarcadores para prognósticos, alvos (células) acionáveis ​​e biomarcadores de resistência a medicamentos para o tratamento do câncer de próstata.

Ainda hoje, conforme o artigo, há dificuldade em obter material tumoral adequado para teste molecular, o que dificulta a implementação clínica do perfil genômico. As biópsias primárias de tumor de próstata, embora rotineiras, costumam ter pouco rendimento e os procedimentos de fixação afetam a qualidade do DNA. Além disso, o câncer de próstata evolui com o tempo como consequência da pressão seletiva induzida pela terapia e, quando primário, está entre os tipos de câncer mais heterogêneos e complexos, no que se refere aos seus clones celulares.

Diferentes biomarcadores e assinaturas moleculares baseadas em tecido foram propostos para melhorar a estratificação do paciente com câncer de próstata localizado. No entanto, seu impacto na tomada de decisão terapêutica ainda é limitado.

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Por isso, que ferramentas que apoiem a estratificação precisa do câncer de próstata localizado são necessárias, particularmente no caso de monitoramento de longo prazo de pacientes em vigilância ativa. A dúvida persistente é: até quando esperar e tomar a decisão do tratamento? E qual o melhor tratamento para cada paciente?

Vários estudos já demonstraram a presença de células cancerosas disseminadas, particularmente na medula óssea e até mesmo no sangue periférico, entre pacientes com câncer de próstata localizado.

Por isso, estudar a disseminação da doença por meio de biópsias líquidas, em especial pelo DNA livre circulante, tem sido apontado como uma nova análise para a decisão e promissora como perspectiva a seguir. As biópsias líquidas podem acelerar o desenvolvimento de biomarcadores para aumentar a precisão no diagnóstico e tratamento do câncer de próstata.

Já está demonstrado em estudos que alguns biomarcadores são válidos para o prognóstico de alguns tumores, para acelerar o desenvolvimento de medicamentos e guiar orientações para as decisões terapêuticas.

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Fazendo uma analogia, os carros elétricos ainda são caros – e raros. Na medicina nunca foi diferente: um novo tratamento, uma nova medicação, geralmente, é caro e requer ampliação nos estudos e na aplicação. Hoje, o custo e o acesso à tecnologia ainda dificultam o ganho em escala para a realização testes clínicos de rotina, mesmo como aplicação para casos de doenças localizadas.

À medida que os ensaios ultrassensíveis são desenvolvidos, as biópsias líquidas podem ter o potencial de auxiliar no monitoramento de pacientes após a terapia radical ou para complementar biomarcadores baseados em tecido para melhorar a estratificação do paciente.

Não tenho dúvida: o campo das biópsias líquidas para o câncer de próstata tem avançado exponencialmente na última década e o desenvolvendo de biomarcadores para prognósticos e como um meio minimamente invasivo para monitorar a evolução do tumor é a nova etapa da medicina moderna. Recentes publicações apontam para marcadores epigenéticos e técnicas aprimoradas de isolamento do DNA livre circulante no sangue. Certamente, serão melhores e animadores os resultados que estão por vir.

Letra de Médico - Marcelo Bendhack
(./Divulgação)
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