As novas perspectivas da ciência para o câncer de mama
As boas notícias são tanto para os tumores iniciais quanto os mais avançados

O câncer de mama é um tumor extremamente frequente no Brasil e no mundo. Uma a cada 10 mulheres terá a doença durante a vida. Globalmente, são mais de 2,1 milhões de casos novos por ano, com grande impacto na vida destas pacientes.
Por outro lado, é um dos tumores mais curáveis do corpo humano, quando diagnosticado precocemente, a partir de uma rotina de exames de rastreamento. No Brasil, o Ministério da Saúde indica que a mamografia deve ser feita a partir dos 50 anos; para a Sociedade Brasileira de Mastologia e a Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica, este acompanhamento deve ter início aos 40 anos.
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O câncer de mama, por ser tão comum, é uma das áreas em que as pesquisas são mais intensas e onde há grande investimento, com boas notícias para o prognóstico das pacientes. No Congresso anual da European Society for Medical Oncology, realizado virtualmente em setembro, foram apresentados trabalhos que mostram claramente uma elevação nas taxas de cura, uma queda na recorrência da doença e um prolongamento da vida de um modo muito mais importante, com qualidade.
Um destes estudos, envolvendo 5.637 mulheres com doença avançada localmente, mostrou benefícios de uma nova droga oral chamada abemaciclibe, que inibe a proteína ciclina (responsável pelo crescimento e proliferação de células malignas). O medicamento, usado em conjunto com tratamento hormonal, reduziu o risco de recorrência da doença em 25%, comparado com o tratamento que utilizou somente a hormonioterapia.
Neste mesmo cenário, para tumores de mama triplo negativo – o mais agressivo de todos – uma pesquisa com 333 mulheres comparou a quimioterapia pré-operatória e a quimioterapia aliada a um novo imunoterápico, chamado atezolizumabe, que estimula as células de defesa do organismo a atacarem o tumor de forma mais veemente. Quando essas pacientes são encaminhadas para a cirurgia, depois de passar pelo tratamento com quimio e imunoterapia, sem mais células tumorais viáveis, têm as chances de cura muito mais altas. Então, este estudo comprova a eficácia e o incremento da imunoterapia ao tratamento padrão. Provavelmente estas drogas devem chegar em breve na prática clínica, ampliando o número de mulheres que têm chance de cura neste tipo de doença.
Para pacientes com a doença a avançada do tipo HER2 positivo, duas novas drogas (tucatinibe e trastuzumabe) mostraram resultados muito relevantes para casos em que outros tratamentos já haviam falhado.
As pesquisas clínicas têm apontado caminhos para conquistarmos um aumento nas taxas de cura em mulheres com a doença avançada localmente, para evitarmos uma recidiva e, na doença avançada, conseguirmos prolongar a vida com melhor qualidade e com uma extensão muito maior que num passado recente.
Estes avanços aumentam o desafio de informar e empoderar nossas pacientes, para que sejam mais críticas e conscientes sobre seu tratamento, não importa o tipo de câncer ou onde será tratada.
Assim, ao lado dos meus colegas oncologistas Antonio Carlos Buzaid e Débora Gagliato, com o auxílio de uma equipe de profissionais de Saúde de diversas áreas, lançamos neste Outubro Rosa a segunda edição do livro “Vencer o Câncer de Mama”, em que abordamos a doença em seus mais diversos aspectos: os fatores de risco e o diagnóstico, a prevenção, os tipos de tumores e os tratamentos existentes. Além da versão impressa, a publicação também estará disponível em formato online e pode ser acessada, gratuitamente, pelo link https://vencerocancer.org.br/noticias-mama/baixe-gratuitamente-a-2a-edicao-do-livro-vencer-o-cancer-de-mama/
