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As maiores dúvidas sobre o aleitamento

Por quanto tempo o bebê deve mamar? Existe um intervalo certo? As dúvidas são muitas e devem ser respondidas pelo pediatra antes do nascimento

Por Mauro Fisberg
19 ago 2019, 15h18

Agosto é o mês dourado. O mês de campanhas de incentivo, estímulo e orientação ao aleitamento materno. Primeiro alimento do ser humano, instintivo, completo, simples e barato, no entanto, ainda gera inúmeras controvérsias. E quantos tabus. Acabamos de ver recentemente matéria que uma companhia de aviação exige que a mãe amamente bebês em voo somente se cobertas, para não incomodar os outros passageiros! Em pleno desenrolar de campanhas em todo o mundo para que a mãe tenha direito de amamentar em qualquer lugar, sem qualquer constrangimento, sentimos que tudo isto é um retrocesso…

Pega correta, posição adequada… Por quanto tempo o bebê deve mamar? Existe um intervalo certo? São mil dúvidas que devem ser respondidas pelo pediatra até mesmo antes do nascimento do bebê… Por isto, a Sociedade Brasileira de Pediatria está desenvolvendo campanha para a consulta pré-natal com o Pediatra. Estranho? Não, porque o pediatra pode preparar a gestante para uma série de situações que aparecem logo no início da vida e que, às vezes, deixam de ser solucionadas, por uma consulta tardia ao consultório após o parto.

Em relação ao aleitamento, muitas perguntas estão nas cabeças dos pais, e muitas fantasias e questionamentos aparecem. Para todas estas dúvidas, não existe uma resposta padronizada, pois varia muito de criança para criança, de mãe para mãe. Uma resposta que deveria ser instintiva e natural, sofre modificações culturais, de costumes e hábitos. Os medos e as desinformações pululam na sociedade, e também nas redes sociais. De um extremo ao outro – dos cavaleiros do peito armado, que advogam que todos devem e podem mamar sem qualquer problema, aos radicais que decidem que a substituição é mais simples e não incentivam o aleitamento.

Quando amamentar?

 Na prática, o bebê mama quando tem fome e isto pode ser sinalizado de diferentes formas, como movimentos de sucção e procura do peito. O choro seria um sinal mais tardio da fome. O que procuramos fazer é que o bebê mame se possível ainda na sala de parto, ou pelo menos seja colocado em contato com peito materno. A quantidade de colostro é variável e pode ser pequena ao nascimento e vai aumentando gradativamente nas primeiras horas. A cor do leite também varia muito, não devendo ser comparado em cor e mesmo em densidade, ao leite de outras espécies.

Quanto ao tempo entre cada mamada, o regime de livre demanda, isto é, o bebê mama quando precisar e quiser, é o ideal. Nas primeiras semanas de vida, usualmente as crianças conseguem manter um intervalo de 2 a 4 horas entre cada mamada. À medida que o tempo passa, o bebê estabelece seu ritmo, com tendência ao espaçamento. No entanto, cada um tem o seu horário.

A duração da mamada não tem relação com quantidade de leite consumido, já que a eficiência da sucção é variável. O ideal é que dure até que o bebê solte espontaneamente o peito. Importante lembrar que a formação de fissuras está diretamente associada à pega e posição inadequadas. É extremamente importante que o pediatra peça para ver a amamentação na consulta inicial ou quando houver dúvida, para orientar a pegada, a posição, avaliar a força da sucção… 

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Durante a mamada, a composição do leite é diferenciada. Inicialmente contém mais proteínas e açúcares e ao final o leite é rico em gorduras e vitaminas lipossolúveis, sendo mais calórico. Assim, é importante que seu filho mame o primeiro peito completamente, até que o solte espontaneamente, e só então, o segundo peito é ofertado. Às vezes poderá aceitar, às vezes já estará saciado. A mamada seguinte, portanto, deve começar pela mama mais cheia, ou seja, a que o bebê mamou menos tempo.

Até quando amamentar?

A recomendação da maioria das sociedades pediátricas é que o aleitamento materno seja exclusivo até o sexto mês de vida, e mantido pelo tempo que for adequado para o bebê e a mãe. Geralmente a orientação é de que o aleitamento siga até o segundo ano, e algumas crianças podem mamar mais tempo. Ainda temos muito a aprender com nossa população nativa, que amamenta de forma contínua, introduzindo a alimentação não láctea somente quando a mãe percebe que a postura, desenvolvimento e atenção do bebê, permite esta mudança. 

Usualmente amamentam até o provável processo de uma nova gestação (e muitas vezes o próprio bebê já sinaliza que há uma nova gravidez em curso ao abandonar o peito espontaneamente- sentindo uma variação de sabor causada por modificações hormonais no leite da gestante…)

De qualquer forma, a socióloga Margaret Mead escrevia que o tempo do aleitamento é como a duração de um relacionamento. Ele deve ser mantido enquanto adequado aos dois componentes da relação. Quando um não quer, precisamos verificar os motivos e tentar orientar para o sucesso do relacionamento…

 

 

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