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José Casado

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Informação e análise

Uma crise que não acabou e todos já perderam

Ninguém sabe o desfecho, mas nenhum governo que estimula a indisciplina nos quartéis deveria apostar que poderá ser defendido por militares disciplinados

Por José Casado Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 4 jun 2021, 09h00

Todos perderam. Jair Bolsonaro tem o direito de acreditar que conseguiu transformar os quartéis em comitês da sua campanha de reeleição. Eduardo Pazuello pode achar que vai sair da ativa, em breve, com sua ficha biográfica tão limpa quanto a  “folha de alterações”  da caserna. A oposição poderá esgotar sua força retórica na contestação.

Na realidade, todos perderam a bússola, o rumo. Porque não há país sem Forças Armadas profissionais, e elas não existem em estado de indisciplina, de subversão da lei, dos regulamentos e da hierarquia — muito menos sem um controle civil efetivo.

Ao não punir Pazuello, um oficial da ativa que subiu no palanque de um presidente em campanha, o general Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira e os 15 integrantes do Alto Comando do Exército fizeram uma escolha política.

Na hipótese benigna, assumiram o risco de surtos de indisciplina nos quartéis, em troca de uma certa “estabilidade” institucional. Se é o caso, ou não, vai se descobrir em breve.

Os dias de hesitação, porém, indicam a existência de divisão no Alto Comando em torno da questão central: as Forças Armadas servem ao Estado ou ao governo de Bolsonaro?

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Se foi preciso ceder a Bolsonaro para manter a “paz” institucional, todos perderam.

A começar pelo presidente-candidato. Porque na poeira do prêmio à ilegalidade se tornou ensurdecedor o silêncio da insatisfação, ou dos mutismos autoimpostos pela “disciplina intelectual”, como diz o vice-presidente Hamilton Mourão, a cada dia mais solitário no Planalto.

Nada justifica o clima de tensão que Bolsonaro conseguiu criar dentro dos quartéis.

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Na sua biografia é mais do mesmo, como fez no governo José Sarney com o plano de bombas na Vila Militar, que lhe custou prisão, julgamento e retirada do Exército.

Para instituições militares é muito mais. Pode significar uma atomização, com feudos político-partidários, a exemplo do que aconteceu com a Polícia Militar nos 26 Estados e no Distrito Federal. Essa é a raiz da divisão sinalizada no episódio Bolsonaro-Pazuello.

A crise ainda não acabou e todos já perderam. Ninguém sabe qual será o desfecho, mas nenhum governo que estimula a indisciplina nos quartéis deveria apostar que poderá ser  defendido por militares disciplinados, fiéis à Constituição, aos regulamentos e à hierarquia.

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