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Informação e análise
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Deu mico no ninho tucano e o PSDB entrou em autofagia

O partido que criou o Plano Real foi atropelado por um aplicativo telefônico com mensagem de sete palavras: "Ocorreu um erro. Tente novamente mais tarde!"

Por José Casado Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 22 nov 2021, 08h00

Deu mico no ninho tucano. O partido que criou o Plano Real, o engenho político mais sofisticado do Brasil no final do século passado, foi atropelado por um aplicativo telefônico com uma singela mensagem de sete palavras: “Ocorreu um erro. Tente novamente mais tarde!”

Era para ser uma celebração dos 33 anos do PSDB, com 44,7 mil inscritos na eleição interna do candidato à presidência em 2022, com três na disputa: João Doria, governador de São Paulo; Eduardo Leite, governador do Rio Grande do Sul; e, Arthur Virgilio, ex-prefeito de Manaus.

O anúncio do eleito aconteceria numa festa no Centro de Convenções de Brasília, superprodução que envolveu 1,5 mil pessoas, para uma plateia de dirigentes do partido, convidados com todas as despesas pagas.

Deu errado. Somente 3,5 mil eleitores conseguiram votar durante 40 minutos no início da manhã de ontem. Depois disso, a conexão do PSDB com seus eleitores ficou restrita à mensagem repetida nas telas dos telefones: “Ocorreu um erro. Tente novamente mais tarde!”

A eleição prévia do Partido da Social Democracia Brasil logo se tornou uma confusão política nacional, com os candidatos e os dirigentes convertidos numa espécie de culto dominical da autofagia.

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Em Brasília, na fila da urna eletrônica, a deputada federal Mara Rocha, do Acre, se irritou com o presidente do diretório do seu Estado, Manoel Gomes, que sugeria voto no governador paulista João Doria. Na discussão, ela explodiu, anunciou a saída do partido para o Partido Liberal, e se justificou gritando: “Sou Bolsonaro mesmo!”

A cena era exdrúxula só na aparência. Resumia a incoerência de um PSDB que, em setembro, se autoproclamou “independente” pela voz da sua Executiva Nacional, mas se manteve aliado ao governo pelo voto dos seus deputados federais, que apoiaram Bolsonaro em 80% das votações na Câmara nas últimas 11 semanas.

Muitos identificam nesse padrão de comportamento parlamentar a influência do deputado Aécio Neves, ex-governador de Minas Gerais, adversário do governador Doria, o mais citado em mesas tucanas na autofagia de ontem.

Frustrada a festa no Centro de Convenções, a confusão foi transferida para o Centro Clínico, um prédio a três quilômetros de distância de estilo arquitetônico indefinível, onde o partido mantém sua sede na cobertura, três andares acima de uma profusão de consultórios para quase todas especialidades médicas.

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Num ambiente caótico, assistentes tentavam dar um rumo ordenado ao eleitores aflitos que telefonavam para o 0800 do PSDB. Tinham quatro páginas de instruções escritas sobre “problemas a enfrentar”, até com recomendações específicas sobre reconhecimento facial.

“Peço para que tente novamente”- repetiam — “seguindo os seguintes passos: Retire os óculos e demais adereços; procure uma iluminação uniforme e um fundo neutro; repita o semblante do documento cadastrado, se estiver sorrindo no documento, sorria…”

Não adiantava. “Ocorreu um erro. Tente novamente mais tarde!” — informavam as telas dos telefones. O dia infernal acabou quando os tucanos resolveram reconhecer o mico no ninho. Em nota pública declararam o processo eleitoral “pausado”. Sem data para avançar.

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