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Jorge Pontes foi delegado da Polícia Federal e é formado pela FBI National Academy. Foi membro eleito do Comitê Executivo da Interpol em Lyon, França, e é co-autor do livro Crime.Gov - Quando Corrupção e Governo se Misturam.
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Moro, Beatles e as conclusões precipitadas

Como mostra o novo documentário sobre a banda, não podemos concluir nada a partir de trechos, de partes, principalmente quando se trata de conversas

Por Jorge Pontes
Atualizado em 24 nov 2021, 13h04 - Publicado em 24 nov 2021, 13h03

Hoje, 24 de novembro, lendo os noticiários, me deparo com matéria que insiste na cantilena da parcialidade do então juiz Sergio Moro, por conta da divulgação de mensagens hackeadas criminosamente, que teriam sido trocadas entre o então juiz federal e membros do Ministério Público Federal da Força Tarefa da Lava Jato de Curitiba. Trata-se do que se convencionou chamar de “Vaza Jato”, a fumaça que acabou firmando-se como a “base sólida” para que a segunda turma do Supremo Tribunal Federal decidisse pela parcialidade do agora ex-juiz.

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Seguindo com as notícias, viro a página do jornal e me alegro ao ler sobre o lançamento de The Beatles: Get Back, documentário do neozelandês Peter Jackson, cujo lançamento mundial é esperado para amanhã, dia 25 de novembro.

A história dessa nova obra sobre os Beatles nos traz, além da energia eterna e contagiante de sempre, algumas reflexões. Em 1970 foi lançado o filme Let It Be, que teve direção e final cut do britânico Michael Lindsay-Hogg. As cenas foram gravadas em janeiro de 1969, nos estúdios da Apple.

Let It Be são oitenta minutos de um filme que mostra o que seria um momento melancólico dos Beatles, com caras tristes, diálogos amargos, olhares desencontrados e tudo mais que possa existir de ruim.

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Pois bem, Peter Jackson se trancou, durante a pandemia, com 57 horas de imagens digitalizadas e mais de 90 horas de áudio produzidas naquele período longínquo – material não aproveitado, que ficou fora do corte final de Lindsay-Hogg. Os Beatles, nessas dezenas de horas gravadas, aparecem felizes, afetuosos e produzindo músicas de forma calorosa. O resultado foi The Beatles: Get Back.

Jackson descobriu que os Beatles tristes e azedos simplesmente não existiram, e que o corte de 1 hora e 20 minutos do diretor de Let It Be, produzido no final dos anos sessenta, operou um engano que persistiu como verdade absoluta durante 50 anos. Amanhã, no dia 25 de novembro, o mundo vai começar a ver que aquele trecho de oitenta minutos de Beatles tristes era uma mentira.

Além da dádiva de podermos assistir material inédito dos inesgotáveis Beatles, percebemos que não podemos concluir nada a partir de trechos, de partes de um todo, principalmente quando se trata de diálogos. Ou vemos a big picture ou qualquer conclusão será chute.

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Volto agora, depois de pensar nos Beatles, à polêmica sobre a parcialidade de Sergio Moro. E me lembro que as mensagens hackeadas nunca foram submetidas a perícia nem tampouco foram conhecidas em sua íntegra. Temos apenas trechos pinçados aqui e acolá, de conversas descontextualizadas e sem qualquer garantia ou atestado de veracidade e integridade, do que seria o produto de um crime grave, cometido por hackers contra agentes públicos.

Me arrisco a dizer que no dia em que essas mensagens forem descortinadas como um todo, o Brasil verá que não passou de conversa habitual, sem gravidade alguma. Juízes conversam e sempre conversaram com as partes, inclusive com os advogados de defesa.

There will be an answer, let it be…

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